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Réveillon dramático para Manu e para o público de A Vida da Gente

Nilson Xavier

01/01/2012 07h00

Na última semana de 2011, a novela das seis da Globo, A Vida da Gente, bateu seu recorde de audiência com intensas cenas dramáticas em que Manuela (Marjorie Estiano) flagra um beijo entre seu marido Rodrigo (Rafael Cardoso) e sua irmã Ana (Fernanda Vasconcellos), e as consequências advindas posteriormente. Poderia ser mais um batido triângulo amoroso, tão comum em nossos folhetins. Mas não no caso de A Vida da Gente. A novela de Lícia Manzo vai muito além.

Com uma narrativa que lembra a do seriado dramático americano, A Vida da Gente é de um conteúdo pouco visto na televisão brasileira, principalmente em novelas. Chamou até mesmo a atenção do Ministério da Justiça, que em novembro reclassificou a trama para "não recomendada para menores de 10 anos", acusando-a de "angustiante" (entre outras coisas). O que se vê no ar pode até ser angustiante, mas temos de convir que seja de uma qualidade irretocável.

Percebe-se durante a exibição dos capítulos (e meu ponto de medida é o Twitter) uma verdadeira catarse, que faz com que o público vibre e se emocione junto com os personagens. E essa reação só funciona quando o tom naturalista dado ao drama psicológico é tratado com toda a sensibilidade que a situação exige – o que A Vida da Gente faz com propriedade.

Não vou aqui enumerar todas as qualidades da novela, já bastante decantadas. Mas essa comoção generalizada não poderia significar outra coisa senão o reflexo da penetração da novela e do fascínio que ela exerce sobre o seu público – não importando se Ana ou Manu tocam diferente em cada um dos que torcem por uma ou outra personagem. E a novela não passa despercebida nem mesmo pelos que dizem não gostar e a acusam de "triste demais". Ou "angustiante", como quer o MJ.

No capítulo de sábado, último dia do ano, em que os personagens celebravam o réveillon, a autora reservou um dos momentos mais dramáticos até agora. Foi um réveillon difícil para Manu, que não sabe o que fazer com a decepção que passou. E igualmente difícil para quem assistiu. Que o capítulo não tenha estragado o réveillon de ninguém!

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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