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50 anos de carreira de Regina Duarte: relembre seus trabalhos na TV – Anos 70

Nilson Xavier

08/02/2012 07h54

Com o fim da novela Véu de Noiva, em 1970, Regina foi escalada para a trama seguinte no horário das oito da noite na Globo, Irmãos Coragem, também escrita por Janete Clair e dirigida por Daniel Filho. Nesta trama, Regina era a doce e simplória caipirinha Ritinha, namorada de infância do caçula dos irmãos Coragem, Duda (Cláudio Marzo), que se tornara um famoso jogador de futebol e estava de volta à cidade depois de um longo período. Logo no início da novela, Ritinha engravida de Duda, e a família força um casamento entre os dois. Ritinha muda-se para o Rio de Janeiro e tem que se adaptar a um estilo de vida completamente diferente.

Com Cláudio Marzo em "Irmãos Coragem"

Durante Irmãos Coragem, Regina Duarte ficou grávida de seu primeiro filho, André. Janete Clair criou então uma gravidez para sua personagem, que ganhava uma filha, Gabriela. Em 1973, grávida novamente, a atriz teria finalmente uma filha, batizada de Gabriela. O sucesso da novela – que era protagonizada também por Tarcísio Meira, Glória Menezes e Cláudio Cavalcanti – fez a Globo espichá-la o máximo que pôde. Irmãos Coragem ficou pouco mais de um ano no ar, mas a dupla Regina Duarte e Cláudio Marzo se afastou antes de seu fim, para protagonizar a nova trama das sete horas da Globo, Minha Doce Namorada.

Com Cláudio Marzo em "Minha Doce Namorada"

Em Minha Doce Namorada (1971), novela de Vicente Sesso dirigida por Fernando Torres e Régis Cardoso, Regina viveu o ápice de sua fase de mocinhas cândidas e românticas na TV – daí o apelido "Namoradinha do Brasil". Sua personagem, Patrícia, era uma garota sonhadora que trabalhava num parque de diversões e estava em busca de suas origens e um grande amor. A história se passava, a princípio, em Ouro Preto, Minas, e lá Patrícia conheceu e se apaixonou por um estudante (Cláudio Marzo), que, ao concluir seus estudos, voltou para o Rio de Janeiro. O parque de diversões não estava numa boa fase e partiu também para o Rio, levando Patrícia, que tinha a esperança de reencontrar  seu amado.

No Caso Especial "Dibuk, o Demônio"

Entre os Casos Especiais da Globo em que Regina Duarte atuou, destaca-se Dibuk, o Demônio, apresentado em 28 de julho 1972, uma adaptação de Domingos de Oliveira da peça de S. Anski, dirigida por Daniel Filho. 

Com Francisco Cuoco em "Selva de Pedra"

Em 1972, Regina Duarte estrelou uma nova trama de Janete Clair, Selva de Pedra, dirigida por Daniel Filho e Wálter Avancini. A atriz viveu Simone Marques, uma artista plástica do interior que se apaixona por um pobre rapaz, Cristiano Vilhena (Francisco Cuoco). Os dois partem para o Rio de Janeiro onde Simone vai tentar a vida como artista, enquanto Cristiano vai trabalhar no estaleiro do tio rico. Em contato com o universo do tio, Cristiano conhece a bela Fernanda (Dina Sfat), mulher sofisticada que se apaixona por ele. É o amigo Miro (Carlos Vereza) quem induz Cristiano a se livrar de Simone para ficar com a rica Fernanda. Envenenada por Miro, que lhe revela as intenções de seu marido, Simone foge, e seu carro cai num barranco e explode. Ela é dada como morta, mas na verdade sobreviveu. Simone assume a identidade de uma irmã falecida, Rosana Reis, e sai do país. No exterior, Simone – agora Rosana – torna-se uma importante artista plástica. Ao retornar para o Brasil, reencontra o marido, mas não revela-se. Ele, enlouquecido, tenta provar para todos que Rosana é Simone, e provar para a própria que ainda a ama e não fora o responsável pelo seu acidente. A cena em que Simone é desmascarada na delegacia ficou famosa: rendeu 100% de audiência no Rio e em São Paulo. Selva de Pedra tornou-se um clássico de nossa teledramaturgia.

Como a aeromoça Cecília em "Carinhoso"

O trabalho seguinte de Regina Duarte foi em Carinhoso (1973-1974), primeira novela-solo de Lauro César Muniz na Globo, dirigida por Wálter Campos. A novela fora encomendada a Lauro, que baseou-se no filme Sabrina, de Billy Wilder, com Audrey Hepburn. A protagonista Cecília foi pensada especialmente para Regina interpretar. Mas a atriz engravidou de sua filha Gabriela, e quando não dava mais para esconder sua barriga, a novela acabou. Cecília era uma aeromoça disputada pelos dois filhos (Cláudio Marzo e Marcos Paulo) dos patrões de seu pai, que era motorista da rica família. Indecisa entre os dois irmãos, Cecília acaba se casando com um  argentino milionário (Herval Rossano), mas o casamento fracassa. Em 1974, ao ser premiada com o Troféu Imprensa por seu trabalho em Carinhoso, Regina surpreendeu a todos ao repassar o prêmio para sua colega Eva Wilma, em reconhecimento pelo trabalho dela na novela Mulheres de Areia da Tupi.

Com Juca de Oliveira em "Fogo Sobre Terra"

Em 1974, a atriz viveu uma nova personagem de Janete Clair: Bárbara, da novela Fogo Sobre Terra, dirigida por Wálter Avancini. Na trama, dois irmãos (Juca de Oliveira e Jardel Filho) brigavam porque um era contra e o outro a favor da construção de uma usina hidrelétrica numa pequena cidade. Bárbara chega ao local e se depara com uma moradora simples (Neuza Amaral) que vive a lhe fazer as vontades. Ela é na realidade a sua mãe biológica, de quem Bárbara fora separada quando criança. Por conta deste trauma de infância, ela sofria com crises nervosas que a deixavam com uma cegueira psicológica. Mas Bárbara tinha o amor de Pedro Azulão (Juca de Oliveira), que lutava contra a construção da usina hidrelétrica, que varreria a cidade do mapa. Fogo Sobre Terra foi uma das novelas mais mutiladas pela censura do Regime Militar, que via em sua trama uma crítica à construção da hidrelétrica de Itaipu, uma obra do Governo.

Em "Despedida de Casado"

Depois de dez anos fazendo uma novela atrás da outra, Regina Duarte parou por quase dois anos para descansar a imagem e dedicar-se ao teatro e cinema. As gravações de Fogo Sobre Terra terminaram no final de 1974 e a atriz voltaria ao vídeo no final de 1976, na novela Despedida de Casado, de Wálter George Durst, dirigida por Avancini. Mas a novela – com trinta capítulos gravados e a dez dias da estreia – foi vetada pela censura, que julgou seu tema – separação de casais – impróprio e a proibiu de ir ao ar. Regina viveria Stela, uma mulher com o casamento em crise que, juntamente com o marido (Antônio Fagundes), procura auxílio de um profissional (Cláudio Maro) que lhes propõe uma terapia de casais.

Em "Nina"

Com a proibição de Despedida de Casado, toda a equipe da novela foi remanejada para a trama substituta. Wálter George Durst apresentou então a novela Nina (que estreou em meados de 1977, com direção de Avancini e Fábio Sabag), na qual Regina Duarte vivia a protagonista que dava título à trama. Nina era uma professora contestadora na sociedade moralista e conservadora da São Paulo da década de 1920. Ela lutava pelos direitos da mulher e entrava em choque com os poderosos, que se viam ameaçados pelas ideias liberais da professora. Com a personagem, Regina Duarte já começava a apagar a imagem de "Namoradinha do Brasil". Seguindo uma linha mais realista, Nina foi outra novela muito prejudicada pela ação da censura. Ao final, a personagem não tem um final feliz com seu amor (o italiano vivido por Antônio Fagundes).

DVD de "Malu Mulher"

O grande divisor de águas na carreira de Regina Duarte na TV seria seu trabalho seguinte: o seriado Malu Mulher, apresentado entre 1979 e 1980. Com Malu, Regina deixava para trás as mocinhas românticas e bondosas, e dava lugar à mulher moderna e batalhadora. As histórias mostravam as dificuldades da mulher brasileira, madura e divorciada, a se posicionar na sociedade, na família e em uma relação homem-mulher. O programa, dirigido por Daniel Filho e estrelado também por Denis Carvalho e Narjara Turetta – como o ex-marido e a filha de Malu – foi um marco da televisão brasileira, tendo inclusive ganhado prêmios no exterior.

Entre as cantoras do musical "Mulher 80"

Em consequência do sucesso de Malu Mulher, a Globo lançou, em dezembro de 1979, o especial musical Mulher 80. Com direção de Daniel Filho e apresentação de Regina Duarte, o programa reuniu números musicais e depoimentos de cantoras brasileiras tendo como foco principal a atuação feminina na Música Popular Brasileira.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 60.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 80.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 90.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 2000 em diante.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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