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Canal Viva reprisa a minissérie “Os Maias”

Nilson Xavier

06/03/2012 07h30

O canal Viva reprisa a partir de terça-feira, dia 06/03, Os Maias, às 23h15. A minissérie é uma adaptação de Maria Adelaide Amaral a partir de três romances do escritor português Eça de Queiroz: Os Maias (que dá nome à atração), A Relíquia e O Capital. João Emanuel Carneiro e Vincent Villari assinaram o roteiro com a autora. A direção foi de Emílio Di Biasi e Del Rangel, com direção geral de Luiz Fernando Carvalho.

Os Maias foi apresentada na Globo entre janeiro e março de 2001, em 42 capítulos. Em 2004, foi lançada em DVD, que contem apenas o núcleo principal, o do romance Os Maias. Os núcleos de A Relíquia e O Capital foram suprimidos na edição em DVD – lamentavelmente.

A minissérie foi uma coprodução da Globo com o canal de TV português SIC. A história se passa em Portugal, no século XIX. E, para lá, a Globo mandou uma equipe para gravar durante cinco semanas. O investimento foi alto: cada capítulo teve um custo de R$ 200 mil.

A aposta foi grande, mas a repercussão não esteve à altura. Dos 35 pontos no Ibope esperados (padrão da época), Os Maias fechou com uma média geral de 15 pontos. Um dos principais motivos que afugentou parte do público foi a linguagem usada na narrativa: erudita e lenta. A autora manteve os diálogos originais do livro, e o diretor levou, praticamente, duas semanas para apresentar os personagens da primeira fase da história.

Por outro lado, a qualidade da obra é inquestionável. Luiz Fernando Carvalho – mais uma vez – abusou da arte cênica para incrementar a produção: fotografia, cenários, figurinos e direção de arte impecáveis. A trilha sonora, com produção de André Sperling, contou com a gravação especial de uma peça sinfônica inédita, feita pelo maestro John Neschling, que regeu uma orquestra de 90 integrantes. E, ainda, músicas do grupo português Madredeus.

O elenco, de primeira linha, rendeu atuações marcantes, entre outros, de Walmor Chagas, Leonardo Vieira, Fábio Assunção, Ana Paula Arósio, Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Myrian Muniz e Simone Spoladore, estreante em televisão (recém-saída do filme Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho). Raul Cortez teve uma participação especial, narrando a história em off, como se fosse o próprio Eça de Queiróz a contar a história.

Publicado em 1888, o romance Os Maias é um retrato da decadência da aristocracia portuguesa na segunda metade do século XIX. Os puristas da obra de Eça de Queiroz não gostaram do desfecho que Maria Adelaide Amaral deu à história. No livro, quem dá a notícia a Carlos Eduardo (Fábio Assunção) de que sua amante, Maria Eduarda (Ana Paula Arósio), é sua irmã – é Vilaça (Ewerton de Castro), velho amigo da família. Na minissérie, a autora fez ressurgir a mãe dos irmãos, Maria Monforte, já velha, para o desfecho da história – participação de Marília Pêra em uma das mais belas e fortes sequências da minissérie.

Os Maias foi uma minissérie grandiosa. Sua qualidade – e linguagem cinematográfica – é comparada às produções da BBC de Londres. Poderia ter passado no cinema, mas passou na televisão. Poderia ser uma produção da BBC, mas foi feita pela Globo. Poderia ter sido um campeão de audiência, mas não.

Saiba mais sobre a minissérie Os Maias no site Teledramaturgia.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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