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Elizabeth Savalla é destaque em "Amor À Vida". Mas por que a atriz só trabalha com Walcyr Carrasco?

Nilson Xavier

16/08/2013 13h45

Elizabeth Savalla em "Amor À Vida" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Sempre me perguntam por que a atriz Elizabeth Savalla só tem trabalhado em novelas do autor Walcyr Carrasco. Eu também gostaria de saber! Teorizo que talvez seja porque a atriz está sempre reservada para as tramas de Carrasco, o que não dá tempo para que outros novelistas e diretores a chamem ou lembrem-se dela. Desde a última década, Savalla só tem atuado nas novelas do autor: "A Padroeira" (2001-2002, como Imaculada), "Chocolate com Pimenta" (2003-2004, como Jezebel), "Alma Gêmea" (2005-2006, como Agnes), "Sete Pecados" (2007-2008, como Rebeca), "Caras e Bocas" (2009, como Socorro), "Morde e Assopra" (2011, como Minerva) e, agora, "Amor À Vida". "Gabriela", do ano passado, foi a única exceção. É sabido que Carrasco queria Savalla para o papel da cafetina Maria Machadão, mas a Globo preferiu chamar Ivete Sangalo.

Não que não seja ótimo para Elizabeth Savalla estar em evidência nas novelas de Walcyr Carrasco, sempre um autor muito requisitado. Mas a atriz tem uma trajetória de sucesso na história de nossas novelas, e passou por alguns hiatos longe da telinha. "Amor À Vida" é o seu retorno triunfal ao horário nobre da Globo, depois de 29 anos – a última novela das oito em que atuou foi "Partido Alto", escrita por Glória Perez e Aguinaldo Silva, em 1984. É curioso perceber que, depois de um tempo afastada da TV, Savalla tenha retornado apenas em novelas de Carrasco.

Vinda do teatro paulista da década de 1970, Elizabeth Savalla foi estrela das novelas da Globo entre os anos 1970 e 1980, tendo ganhado notoriedade em tramas como "Gabriela" (1975), "Estúpido Cupido" (1976-1977), "O Astro" (1977-1978), "Pai Herói" (1979), "Plumas e Paetês" (1980-1981) e "Pão-Pão Beijo-Beijo" (1983). Em 1987, afastou-se da TV e retornou apenas em 1991. Desta nova fase em novelas, brilhou em "Quatro por Quatro", em 1994-1995. Afastada novamente da telinha, voltou em 2001, para as novelas de Walcyr Carrasco.

Malvina de "Gabriela" / Lili de "O Astro" / Carina de "Pai Herói" / Auxiliadora de "Quatro por Quatro" (Foto: Reprodução)

Já há algum tempo o núcleo de sua personagem em "Amor À Vida" tem chamado a atenção. A vendedora de hot-dog Márcia do Espírito Santo – a ex-chacrete Tetê Para-Choque Para-Lama – não é nenhum poço de virtude: carreirista, incita a filha a arrumar um marido rico. As próprias ex-chacretes da vida real não gostaram da maneira como foram retratadas. A dobradinha da personagem com a filha Valdirene (Tatá Werneck) é um dos pontos altos da novela. Somam-se Carlito (Anderson Di Rizzi), o namorado "palhaço" da filha, e a trama de Gentil/Atílio (Luís Mello), o marido que a engana. Todos os atores excelentes em cena – apesar de incomodar a história de Valdirene se repetir constantemente, como numa esquete de programa de humor.

No capítulo desta quinta-feira (15/08) de "Amor À Vida", Elizabeth Savalla "divou", como se diz na internet. A atriz deu um verdadeiro show de interpretação na cena em que descobre que seu marido Gentil é, na verdade, o rico executivo Atílio, e que ele já era casado com outra mulher, Vega (Christiane Tricerri). Detalhe: Luís Mello já havia passado pela mesma situação de bigamia em outra trama de Carrasco: "O Cravo e a Rosa", de 2000-2001, atualmente reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo".

Não desmerecendo outros atores em ótimas interpretações, no elenco e "Amor À Vida", Elizabeth Savalla se sobressai com uma personagem forte, sofrida, carismática e, acima de tudo, humana. Principalmente se considerarmos o texto teatral de Carrasco, em que é necessário ser um excelente ator para que se passe alguma verdade e emoção sem que facilmente se caia na pieguice ou vire tudo uma piadinha sem graça – como temos visto em outros núcleos da novela.

Demais trabalhos de Elizabeth Savalla na TV: as novelas "O Grito" (1975-1976), "O Homem Proibido" (1982), "De Quina Pra Lua" (1985-1986), "Hipertensão" (1986-1987) e "Quem É Você" (1996), e as minisséries "Meu Marido" (1991) e "Sex Appeal" (1993), além de casos especiais e participações diversas em outros programas.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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