Topo

“Pecado Mortal” estreia em grande estilo

Nilson Xavier

26/09/2013 00h29

Maytê Piragibe e Marcela Barrozo no prólogo de "Pecado Mortal" (Foto: Divulgação/TV Record)

No contrato de Carlos Lombardi com a Record deve ter uma cláusula assim: "Quero que minha estreia seja em grande estilo". E foi isso o que se viu no primeiro capítulo de "Pecado Mortal", nesta quarta, 25/09. Agilidade é a palavra que definiu o capítulo. Desde a primeira fase da história, passada em 1941, rápida, incisiva e objetiva, até o desenrolar da trama, 36 anos depois, em 1977. Talvez o público mais desavisado tenha estranhado a rapidez de Lombardi em contar uma história, afinal ele está há seis anos afastado das novelas (a última foi "Pé na Jaca", em 2007).

Foi acertada a estreia numa quarta-feira – dia com futebol na Globo e em que a trama das nove global termina mais cedo. A novela da Record marcou 11 pontos no Ibope da Grande São Paulo (Globo 20 e SBT 7). Estranho mesmo foi ver em "Pecado Mortal" boa parte do elenco da atração anterior, a minissérie bíblica "José do Egito".

A primeira fase encheu os olhos com uma fotografia interessante e uma bonita reconstituição de época. Neste momento, brilhou Maytê Piragibe, segura como a vilã Donana, capaz de matar o bicheiro chefão do morro para que seu marido ocupasse a posição dele, e roubar o filho recém-nascido da mulher de seu amante para apresentá-lo como seu filho legítimo para o marido. Ufa!

De repente, a novela cortou para a década de 1970, com um clipe colorido que contrastou com a fotografia soturna da fase anterior. A trilha sonora nostálgica se fez presente durante todo o capítulo, muito bem executada, mesclando 70´s hits brasileiros e estrangeiros. Os personagens e as tramas foram sendo apresentados, mas à moda lombardiana, ou seja, com tiros, perseguições, correria, diálogos diretos e sarcásticos e torsos nus – marcas registradas do autor que o consagraram em suas tramas globais. Lombardi havia prometido moderação no humor e foco na ação dramática. E cumpriu.

Abertura bonita, trilha sonora condizente, proposta estética interessante (poucas vezes a década de 1970 foi reconstituída em nossa Teledramaturgia). Direção (geral de Alexandre Avancini) firme e elenco seguro (Fernando Pavão é o descamisado da vez.). Ótimo gancho para o segundo capítulo. "Pecado Mortal" estreou em grande estilo, sem tropeços, de tirar o fôlego – raras vezes visto na Record. Tomara que continue assim. Lembram como foi a estreia de "Amor À Vida"?

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier