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Há um ano o país parou para o último capítulo de “Avenida Brasil”

Nilson Xavier

20/10/2013 15h13

Adriana Esteves (Carminha) e Débora Falabella (Nina) no último capítulo de "Avenida Brasil" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Faz um ano que o Brasil parou – em 19 de outubro de 2012 –, literalmente, para acompanhar as emoções finais de "Avenida Brasil", a novela que virou um verdadeiro fenômeno de repercussão na televisão brasileira, como há muito não se via. "Coqueluche", "comoção generalizada" e "catarse coletiva" foram expressões que chegaram a ser empregadas para exemplificar, conceituar ou explicar o sucesso de "Avenida Brasil".

Carminha, Tufão, Nina, Nilo, Mãe Lucinda, Max e sua trupe foram os responsáveis por manter o público sintonizado na trama de João Emanuel Carneiro por sete meses seguidos, gerando muito buchicho nas redes sociais e estabelecendo novos caminhos para a audiência: a "Social TV" une televisão e a necessidade do público de se expressar através das redes sociais, como uma maneira moderna e imediata da antiga prática de se comentar com o vizinho o capítulo de ontem da novela. Seguramente, foi a primeira vez que se acompanhou com afinco uma novela com um olho na tela da TV e outro na tela do computador (a "Segunda Tela").

Dois motivos justificam essa lembrança. A última vez que a televisão brasileira fez o país parar para um último capítulo de novela foi em janeiro de 1989, com "Vale Tudo". É claro que outros "últimos capítulos" também geraram grande repercussão e movimentação (como "A Próxima Vítima", "O Clone", "Celebridade", "Senhora do Destino", e outras), mas não na mesma proporção de "Avenida Brasil". Serão necessários mais 24 anos para isso voltar a ocorrer? Provavelmente não, já que a forma de assistir TV está mudando muito mais rapidamente do que o ocorrido nos últimos 24 anos.

O outro motivo é que "Avenida Brasil" é um raro exemplo de sucesso que uniu público e crítica, independente de números de Ibope. Só para ficar nesta década, podemos citar "Fina Estampa", êxito de audiência, mas alvo de muitas críticas. "Salve Jorge", que substituiu "Avenida Brasil", era metralhada diariamente, tanto pela crítica quanto pelo público. E "Amor À Vida" é um bom exemplo de repercussão negativa.

Vale uma reflexão
Toda novela tem incoerências e furos de roteiro, inclusive "Avenida Brasil" ("um pendrive para Nina"). Sacrificar a coerência em nome da liberdade de criação é inerente ao formato telenovela, mas incoerência para justificar furo de roteiro é inaceitável. A diferença está na dosagem. Uma linha tênue separa a incoerência aceitável do absurdo. Também vai depender muito da vontade do público em embarcar naquela história e aceitar a "viagem" do autor ou não. Às vezes, é preciso voar – como diria Glória Perez.

Relembre "Avenida Brasil" no site Teledramaturgia.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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