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Susana Vieira roubou a cena na estreia do novo “Video Show”

Nilson Xavier

18/11/2013 15h16

Zeca Camargo no novo

Zeca Camargo no novo "Video Show" (Foto:Divulgação/TV Globo)

O "Video Show" é um dos programas mais queridos da TV Globo, pegou várias gerações de telespectadores. Ainda lembro-me de sua estreia, há 30 anos, exibido então aos domingos à tarde, apresentado por uma jovem e sisuda Tássia Camargo. De lá para cá, mudou de formato, quadros, dia e horário, apresentadores e repórteres, várias vezes.

O programa, desde sua estreia, sempre teve vocação para divulgar a própria grade da Globo e trazer o acervo de imagens antigas da emissora numa roupagem jovial e moderna. O jovem sempre foi um dos públicos alvos do programa, mesmo quando era apresentado pelo Miguel Falabella quarentão. Talvez por isso tenha passado por tantas reformulações, para cada vez mais agradar e acompanhar a juventude. Mas nunca abriu mão do seu lado "dona de casa saudosista", a que aprecia imagens de acervo.

Muitas foram as apostas e caras do programa. Algumas acertadas (Falabella, Renata Ceribelli, Chris Couto, Cissa Guimarães – a "garota que quebra o coco mas não arrebenta a sapucaia", imortalizada por Falabella. O quadro "Novelão" foi outra joia que não deveria ter saído de pauta – reservava uma ou duas semanas para relembrar diariamente alguma novela de sucesso do passado.

Mas, na tentativa de acertar, muitos erros apareceram. Nada soava mais fake do que Ana Furtado afirmando sorridente que adorava a novela que havia acabado ser exibida no programa. Ou as infelizes reportagens de rua com direito a fantasiar populares e obrigá-los a desfilar numa passarela improvisada na calçada – tipo de coisa que funcionava apenas no "Casseta e Planeta" e olhe lá. O bom era que, às vezes, o deboche em cima do "Vídeo Show" aparecia em outros programas – Mussum de peruca loura imitando Falabella no "Video Xô" dos Trapalhões. Ou o André Marques que não cabia na tela, na sátira do "Comédia MTV".

Nos últimos anos, com a TV aberta cada vez mais perdendo audiência, uma reformulação se fazia mesmo necessária. E veio nesta segunda (18/11), com a estreia do "novo" "Video Show", totalmente repaginado, com direção geral de Ricardo Waddington, apresentação de Zeca Camargo, novo cenário e direito a plateia – o que muito lembrou a cara do "Na Moral", de Pedro Bial. No geral, pareceu uma mistura de "Video Show" com "Encontro" da Fátima Bernardes e "Video Game", antigo braço do programa apresentado por Angélica.

Mas essa estreia pode não servir de parâmetro algum. O programa foi todo embasado na presença de Susana Vieira, que roubou a cena e quase engoliu Zeca Camargo – só faltou ela arrancar-lhe o microfone da mão, como no episódio "Não tenho paciência com quem tá começando", com Giovanna Tominaga. Ainda bem que Zeca não tá começando. E nem estava de microfone.

O apelo saudosista continua forte, com muitas imagens de acervo. Ótimo, prova que o "Video Show" não perdeu sua essência. Também continua a divulgação de programas da grade, com matérias sobre os bastidores, outra tônica da atração. Teve até autoelogio, com Susana afirmando que o "'Video Show' é o melhor programa da Globo". O ajudante de palco, o carrasco Walcyr, é uma boa sacada. Zeca parecia gritar às vezes. Mas talvez fosse a ânsia da estreia e a presença de Susana.

Foi divertido ver a atriz cravar as mãos na "Calçada da Fama" (novo quadro), disputar um quiz à la "Video Game", e dançar um antigo número musical. Só faltou ela cantar "Per Amore" para coroar a tarde. A questão é: os convidados dos dias seguintes vão segurar a onda da forma como fez a sempre esfuziante Susana Vieira?

Por outro lado, talvez Zeca possa se sair melhor diante de convidados menos entusiastas. Vamos ver como  fica daqui para frente. E como se sai a audiência – o principal motivo deste "novo" programa -, já que na estreia, nada mudou em termos de Ibope: a prévia foi de 11 pontos na Grande São Paulo, o que o programa já vinha registrando. Bem, pelo menos – ao que parece -, aboliram as constrangedoras reportagens com populares.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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