Paulo Goulart, grandioso no porte e no talento
Morreu Paulo Goulart, uma das figuras mais queridas de nossa televisão. Com Nicette Bruno, formou um casal que atravessou décadas de vida em comum, estampada nos palcos e nas telas da TV e do cinema. Deixou três filhos, também atores talentosos: Bárbara, Beth e Paulo Filho. O tipo bonachão e o sorriso largo cativaram gerações de telespectadores que se acostumaram com sua presença constante e marcante em nossa Teledramaturgia, não importava o tamanho que tivesse seu personagem.
Falando em tamanho, Paulo era um atorzão, no porte e no talento. O timbre grave da voz o ajudava na construção de vilões maquiavélicos, como o Seu Donato, um pescador ganancioso em "Mulheres de Areia" (1993). Ou na severidade de Altino Flores, em "Fera Radical" (1988), o patriarca austero e amargurado por viver preso a uma cadeira de rodas. Ao mesmo tempo, Goulart pendia para a comédia e nos arrancava o riso ao criar um tipo como o segurança Gino, de "Plumas e Paetês" (1980-1981), um carcamano romântico e desajeitado. Seu Mariano, de "América" (2005), foi outra marcante criação, um homem simplório e honesto, de princípios rígidos e coração frágil.
Donato, Altino, Gino e Mariano são apenas quatro exemplos de tipos diferentes vividos por Paulo Goulart e que atestam toda a sua grandiosidade e versatilidade como ator. Mas a lista é enorme! Eu contei quase 50 personagens só na televisão. Além destes, foram mais de 25 filmes e outras tantas peças de teatro em mais de 60 anos de serviços prestados à arte de representar.
Acho que a lembrança mais longínqua que tenho do ator é da novela "Papai Coração", da TV Tupi, em 1976, em que ele contracenava com sua família. Lá estavam também Nicette, Bárbara, Beth e Paulinho – este, então um garoto. Desta mesma época, lembro também de Paulo em um comercial de sabão em pó, em que ele convocava as freguesas a experimentar o produto e conferir o resultado na janela. Tudo isso para dizer que eu cresci com a figura carismática de Paulo Goulart em minha TV. Assim como eu, outras gerações de telespectadores.
Grande Paulo! Vai fazer uma baita falta – culpa de seu enorme talento e simpatia.
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