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Com boa estreia, “Império” promete ser um típico novelão

Nilson Xavier

21/07/2014 23h04

Marjorie Estiano e Vanessa Giácomo (Foto: Divulgação/TV Globo)

Marjorie Estiano e Vanessa Giácomo (Foto: Divulgação/TV Globo)

Aguinaldo Silva prometeu um novelão ao estilo dos grandes folhetins do passado. Se vai cumprir ou não, é cedo para afirmar. Entretanto, a julgar pela estreia de "Império" (nesta segunda, 21/07), já dá para ter uma ideia do que vem por aí. Um primeiro capítulo que pôs "Em Família", sua antecessora, no chinelo, por tantos acontecimentos e reviravoltas, amores à primeira vista e armações de vilões – dignos do bom e velho folhetim.

Aguinaldo é experiente e não parece o tipo do autor acomodado. Conhece os meandros que mexem com o imaginário popular. Mesmo que, para isso, tenha que recorrer a velhas fórmulas rocambolescas, que muitos apregoam ultrapassadas. Não vejo como risco, mas um caminho conhecido, mais seguro.

A seu favor, o autor tem a direção sempre motivadora de Rogério Gomes, tanto pelas tomadas quanto pelos atores (direção geral de Pedro Vasconcellos e André Felipe Binder em núcleo de Rogério Gomes). Elenco afiado, com grande destaque para Marjorie Estiano, a vilã Cora da história, que já mostrou do que é capaz para defender os seus interesses. Vanessa Giácomo e Chay Suede seguraram bem as cenas em que Estiano comandou a ação dramática.

Trilha sonora pop com várias músicas requentadas de outras novelas. Seria uma homenagem de "Império" ao gênero? Fotografia bonita como sempre se vê em novelas de Rogério Gomes. É bom ter Aguinaldo com um novo diretor. É sempre um olhar diferente ao universo do novelista. Revezamento de diretores deveria ser uma prática mais constante.

Também percebe-se um cuidado maior com o realismo nos cenários. Como há muito tempo não se via em novelas, a casa do núcleo pobre realmente lembra uma "casa pobre". A abertura tem uma música bonita ("Lucy in the sky with diamonds"), mas parece destoar das imagens exibidas.

Uma boa estreia, que repercutiu positivamente – pelo menos pelo que pude acompanhar no Twitter. "Império" tem um nome pomposo. Como que para deixar claro a que veio, teve até Regina Duarte de peruca fechando o capítulo! Que faça jus à proposta do autor, em fazer o público voltar a vibrar com uma boa história.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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