Como um bom thriller policial, a tensão aumenta a cada capítulo de “O Rebu”
Uma cena de "O Rebu" me chamou a atenção no capítulo de segunda-feira (13/08): enquanto o "maluco" Oswaldo (Júlio Andrade) era preso, a mulher de Braga (Tony Ramos), Lídia (Bel Kowarick), parenta do rapaz – todos convidados da festa de Ângela Mahler (Patrícia Pillar) – reagiu de forma exasperada contra a anfitriã, desafeto de seu marido, jogando-lhe acusações.
Na trama da novela, a sequência ocorreu no dia seguinte ao "rebu", o assassinato na festa. Mas, para nós, telespectadores, que estamos acompanhando a história há exatamente um mês, parece que aqueles personagens estão vivendo a tensão de uma investigação policial há mais tempo, reagindo ao estresse que a situação toda impõe. Apesar das idas e vindas cronológicas que embaralham a história, "O Rebu" tem o mérito de exibir uma tensão crescente a cada capítulo, como em um bom thriller policial.
"A cintilante festa da alta sociedade", que culminou em um crime, deu lugar a uma sensação sui generis para cada um, convidado ou não, em que a idoneidade de todos vai sendo posta em dúvida à medida que avançam as investigações. É quando vemos cair a máscara e o verniz dos personagens, fazendo aflorar seus instintos mais primitivos, aqueles que as convenções sociais impedem de transparecer – ou por educação, ou por esconderem algo condenável pelo establishment.
A situação me remete ao filme mexicano "O Anjo Exterminador" (de 1962), de Luis Buñuel, em que os convidados de uma festa da alta sociedade se veem impossibilitados de deixar a mansão por portas "imaginárias" e começam a perder as estribeiras, passando a agir de forma primitiva ante a privação da liberdade, tensão, fome e sede. É quando afloram seus desejos mais reprimidos e o ser humano se mostra como realmente é em sua essência, sem amarras sociais.
O cenário em "O Rebu" difere uma vez que a festa de Ângela Mahler já havia ultrapassado a formalidade. O álcool e outras drogas despertaram nos convidados o "anjo exterminador" que cada um carrega dentro de si, permitindo assim aflorar a ambição pelo dinheiro, poder e fama ou os desejos sexuais mais reprimidos. Daí, quem sabe, motivos que levaram Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira) à morte.
Quanto mais a história avança, mais cresce a tensão entre os convivas. E a novela faz isso bem, dentro de sua proposta sem sincronia temporal. Já presenciamos trocas de farpas entre convidados, acusações e até xingamentos. Em um instinto de autoproteção, cada um vai se defendendo como pode de possíveis suspeitas, já que a maioria tem motivos, se não para ter matado Bruno Ferraz, ao menos para esconder algo bem podre e proibido pelo decoro, a moral ou as convenções da sociedade, seja ela alta ou baixa.
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