Topo

Trama ágil e bons ganchos são as melhores qualidades de “Boogie Oogie”

Nilson Xavier

22/08/2014 11h28

Ísis Valverde, Marco Pigossi e Deborah Secco em

Ísis Valverde, Marco Pigossi e Deborah Secco em "Boogie Oogie" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Costuma-se dizer que a receita para uma boa novela é a soma de vários fatores. Uma boa produção, um bom elenco, uma boa direção e um bom texto são muito importantes e ajudam bastante. Mas uma boa história ainda é imprescindível. E nem precisa ser "inovadora". Bastaria o novelista dominar a carpintaria da telenovela e desenvolver sua trama de forma a manter o interesse do público ao longo dos meses em que a história seriada vai ao ar.

Uma regra básica para se obter sucesso nessa façanha é a construção de bons ganchos – o momento clímax ao final de cada capítulo, que vai despertar a curiosidade e o interesse do telespectador em continuar acompanhando aquela história no dia seguinte. Um capítulo pode, inclusive, fazer uso deles antes de cada intervalo comercial. E, manter-se com bons ganchos ao longo de sete, oito meses, é uma tarefa nada fácil, e vai refletir em uma trama ágil, dinâmica e, muitas vezes, carregada de reviravoltas.

Em sua terceira semana no ar, "Boogie Oogie", de Rui Vilhena, já merece elogios pelo dinamismo com o qual sua história é contada. É uma novela de cenas curtas, rápidas, com diálogos objetivos. O autor não perde tempo para contar suas historinhas, bem alinhavadas e com núcleos que conversam entre si. Ainda que algumas situações forcem a barra: foi difícil de engolir, na semana passada, a sequência em que Márcia (a ótima Christiana Guinle) se deixou sequestrar por Inês (Deborah Secco, também ótima) – e a personagem nem estava bêbada, como de costume.

A produção, a direção e o elenco de "Boogie Oogie" ajudam bastante – ainda que acusada de não ser fiel à época retratada (final da década de 1970). O texto é bom, e a história bem conduzida – ainda que extremamente folhetinesca, sem novidade alguma e sem a pretensão de inovar nada. É uma novela ágil e agradável de assistir. E possui a ótima qualidade de terminar cada capítulo com ganchos interessantes. Rui Vilhena faz direitinho e mostra a que veio. "Boogie Oogie" começou bem. Reviravoltas na história estão prometidas. Agora, resta torcer para que a novela mantenha-se nesse patamar e a trama tenha fôlego para os meses vindouros.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier