Três atores em “Império” dividem opiniões do público
Os telespectadores de "Império" estão divididos. Uns amam e outros odeiam três atores da novela pelos papeis que interpretam: Paulo Betti (o blogueiro Téo Pereira), Paulo Vilhena (o preso Domingos Salvador) e Joaquim Lopez (o dono de restaurante Enrico Bolgari). Tenho ouvido por todos os lados elogios e críticas das mais variadas. Não sei bem se por causa dos personagens (que provocam amor ou ódio, dependendo do ponto de vista de cada um), ou do talento dos atores (ou má vontade com suas performances).
Eu engrosso o coro dos que elogiam. E explico. São três personagens muito ricos e complexos, com grande destaque dentro da novela, cada qual em sua trama. Por essa complexidade, pelo espaço na história e repercussão, acredito que qualquer ator adoraria vivê-los. Ainda: são três personagens interpretados muitos tons acima.
Paulo Betti, ator tarimbado, de talento indiscutível, exagera na caricatura de Téo Pereira, o gay afetadíssimo e pra lá de venenoso, tanto em seus textos quanto em suas tiradas. Aceite! É um personagem para ser assim mesmo. O legal é que Téo poderia ser uma "releitura" do Crô, mas não é! Téo Pereira em nada lembra o Crodoaldo Valério que Marcelo Serrado interpretou na última novela de Aguinaldo Silva, "Fina Estampa" (2011-2012). Betti está tão bem que leva às gargalhadas com suas pantomimas. E – sem fazer juízo algum – é um tipo nada longe da vida real: quem não conhece um gay assim?
Paulo Vilhena não é tão tarimbado quanto seu xará Betti. Em sua interpretação como o preso "maluco" – que é um gênio da pintura (!) -, o ator tem a seu favor a direção. Sempre que Salvador aparece em seus surtos, a câmera corre solta, as imagens são rápidas e clipadas, quando não, distorcidas. A direção de cena ajuda a passar ao público o que o personagem sente. Acho, sim, que Vilhena faz muito bem esse tipo, com gestos pensados, fala e tiques nervosos que só valorizam a caracterização do personagem.
Joaquim Lopez nunca teve em mãos um personagem com tanto destaque. Enrico parece ser aquele homofóbico que esconde algo de grave dentro de si – quem sabe um sentimento maior que ele? O ator, mais lembrado por tipos cômicos (como o Lucindo de "Sangue Bom", 2013), exagera no gestual, no olhar, no tremer dos lábios, para transparecer a fúria do personagem. Acho Joaquim correto em suas cenas – convenhamos, todas muito difíceis. O que o público não gosta afinal? Do ator, por ter em mãos um ótimo papel? Do personagem e o que ele representa – ou o que ele desperta?
As interpretações de Betti, Vilhena e Lopez tem em comum o exagero, os "tons acima". Todos são caricatos, estereotipados, cada qual dentro do universo do personagem e sua finalidade na trama de "Império". Acho que aqui até vale um clichê: se provocam sentimentos de amor e ódio no público, é porque o objetivo foi atingido. Atingido se não pelos atores, pelo autor, Aguinaldo Silva.
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