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“Boogie Oogie” chega ao fim sem conseguir manter a agilidade inicial

Nilson Xavier

15/02/2015 15h16

Giulia Gam e o

Giulia Gam e o "segredo de Carlota" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Aconteceu o que tanto se temia. A novela "Boogie Oogie" termina em três semanas sem conseguir manter o pique do início, com o qual levou a história até mais da metade. A trama de Rui Vilhena começou causando alvoroço, pelo ritmo dinâmico com o que o autor imprimia os acontecimentos. Tinha-se a impressão de que, a cada semana, ou blocos de capítulos, a novela dava uma guinada e virava de pernas pro ar.

Rui conseguiu manter esse ritmo por pelo menos quatro meses – o que já é um feito e tanto. Vieram as festas de fim de ano e, naturalmente, a história deu uma desacelerada. Voltou com força em janeiro, mas logo perdeu o dinamismo. Hoje a trama capenga para terminar e "Boogie Oogie" em nada lembra a novela ágil de quatro meses atrás.

Segredo de Carlota blá-blá-blá segredo de Carlota blá-blá-blá segredo de Carlota
Tudo o que sobrou da história desemboca no malfadado "segredo de Carlota" – a megera interpretada por Giulia Gam. Poucas são as tramas paralelas que ainda interessam, ou que não citam "segredo de Carlota" em suas falas. Aliás, não se fala em outra coisa. É bom que o tal "segredo de Carlota" seja algo realmente contundente para justificar tanta repetição e não decepcionar o público. "Segredo de Carlota", ponto.

Queimou na largada?
"Boogie Oogie" é um ótimo exemplo de uma questão há tempos levantada por profissionais de televisão: a de que as telenovelas deveriam ser mais curtas. Rui Vilhena conseguiu contar sua história de forma satisfatória em cinco meses. A impressão que ficou é que o autor teve que espichar a trama para render um tempo a mais. Ou gastou munição: planejou mal sua estratégia, desperdiçando muito história no início.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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