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Sucesso de “O Rei do Gado” aponta opção do público por novelões clássicos

Nilson Xavier

22/02/2015 18h12

Patrícia Pillar como a sem-terra Luana em

Patrícia Pillar como a sem-terra Luana em "O Rei do Gado" (Foto: Divulgação/TV Globo)

"O Rei do Gado", quem diria, está fazendo o maior sucesso no "Vale a pena Ver de Novo". É de se espantar se considerarmos que esta é a sua terceira reprise e a última foi há apenas quatro anos. A novela foi originalmente exibida entre 1996 e 1997, e reprisada em 1999 e em 2011 (esta última, no canal Viva).

Os índices de audiência à tarde fizeram com que a Globo espremesse as demais atrações vespertinas ("Vídeo Show" e "Sessão da Tarde") para aumentar o tempo de duração do capítulo. A novela repercute inclusive nas redes sociais. A sessão "Vale a Pena Ver de Novo" vinha sofrendo com baixos resultados. A tão esperada (e pedida) reprise de "Cobras e Lagartos" (a atração anterior) decepcionou.

Há quatro anos, a Globo entendeu o que o SBT já sabia há tempos. As pessoas gostam de ver de novo e de novo. A "re-reprise" era um recurso pouco usado no "Vale a Pena Ver de Novo". Com o sucesso dos repetecos das novelas "xicanas" à tarde no SBT, a Globo resolveu fazer o mesmo: exibir tramas que já haviam sido reprisadas.

Nos últimos quatro anos, a volta de "O Clone", "Mulheres de Areia", "Chocolate com Pimenta", "Da Cor do Pecado" e "O Cravo e a Rosa" foram relativamente bem. Mas a única que havia chegado perto do bom Ibope atual de "O Rei do Gado" foi "Mulheres de Areia" (re-reprisada entre 2011 e 2012).

Traçando um paralelo entre "O Rei do Gado" e "Mulheres de Areia", pode-se concluir porque o público não se cansa de rever essas tramas. Nem entro no mérito de serem produções de primeira linha, com elencos estelares e textos inspirados. Também não engrosso o coro batido de que "as novelas antigas eram melhores" – produções boas e ruins houve em todos os tempos.

Entretanto, além de serem mais antigas, estas são "novelões" por excelência. Clássicos da teledramaturgia nacional, são histórias que povoam o nosso imaginário coletivo. E são de um tempo em que a televisão ainda reinava absoluta na preferência de entretenimento barato do brasileiro.

Explicando o sucesso atual de "O Rei do Gado", Luiz Fernando Carvalho, o diretor, comentou nessa ótima entrevista concedida a Maurício Stycer.

"O público prefere uma grande história e bem contada, contextualizada. Não seria isso que eles estão sinalizando? O tema não importa tanto assim, mas que seja contado com sensibilidade e excelência."
"(…) antes uma boa história de anos atrás do que uma novinha em folha com gosto de café requentado."

Leia AQUI a entrevista completa.

Enquanto os saudosistas matam a saudade, os mais novos ficam conhecendo histórias que ouviam falar desde sempre. Assim como um conto de fadas, nossas novelas são universais e atemporais. Isso explica também o sucesso do canal Viva, especializado no acervo da TV Globo.

No ano de 2015, a emissora comemora seu Cinquentenário. A volta de "O Rei do Gado" foi anunciada como parte da festividade. Tomara que a Globo entenda essa repercussão toda e estenda por mais tempo a celebração, trazendo de volta outros títulos consagrados como "Vale Tudo", "Tieta", "O Salvador da Pátria", "Baila Comigo", "Pai Herói"…

COMENTE: Quais novelas antigas você gostaria de ver de novo?

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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