Topo

"Caminho das Índias" substitui "O Rei do Gado" no Vale a Pena Ver de Novo

Nilson Xavier

15/06/2015 17h04

 

Juliana Paes e Rodrigo Lombardi (Foto: Divulgação/TV Globo)

Juliana Paes e Rodrigo Lombardi (Foto: Divulgação/TV Globo)

A Globo divulgou essa tarde a novela substituta de "O Rei do Gado" no Vale a Pena Ver de Novo, sua faixa vespertina de reprises. Em julho, volta "Caminho das Índias", de Glória Perez, originalmente exibida em 2009, a primeira novela brasileira vencedora do Emmy Internacional (melhor telenovela de 2009).

A novidade de"Caminho das Índias", e seu maior atrativo, foi tratar da cultura indiana e suas características em seu entrecho. Assim como fizera em "O Clone" (2001-2002) – que mostrou do mundo islâmico – Glória Perez fez um apanhado dos costumes e tradições de uma cultura bem diferente da ocidental – desta vez a indiana. Foram abordados temas como o sistema de castas, a casamento arranjado, a longa preparação para um casamento, a questão dos intocáveis, além de danças e festas tradicionais e festivais folclóricos, etc.

A inserção de palavras estrangeiras nas falas dos personagens indianos da novela fez com que termos e expressões, repetidos à exaustão, se tornassem bordões populares, como "firanghi estrangeira" (expressão usada erroneamente, um pleonasmo, já que a palavra "firanghi" já quer dizer "estrangeira"), "arrastar o sári no mercado", "as lamparinas do juízo", "are baba!" (ai meu Deus!, puxa vida!), "baguan keliê" e "arebaguandi" (meu Deus!), "tchalô" (vamos!), "atchá" (expressão de satisfação) e "namastê" (saudação).

A produção foi criticada pela liberdade criativa ao retratar a caracterização de personagens indianos – como mulheres no dia-a-dia vestidas e maquiadas como se estivessem indo para uma festa tradicional, ou núcleos familiares inteiros dançando por qualquer motivo. Também por uma abordagem pouco condizente à Índia contemporânea, como a questão dos intocáveis (dálits) ou o sistema de castas. Tudo isto contribuiu para que a Índia mostrada na novela soasse um tanto quanto fake, ou como se a Índia representada fosse a do início do século XX.

Um dos maiores problemas da produção foi a inversão do mocinho da novela, Bahuan, interpretado por Márcio Garcia, que viu seu personagem se esvair ainda no início da trama. De mocinho protagonista, Bahuan tornou-se o antagonista, a partir do momento em que o público viu maior empatia entre a mocinha Maya (Juliana Paes) e seu marido forjado Raj (Rodrigo Lombardi). Falou-se até em "falta de química" entre Márcio Garcia e Juliana Paes. Mas o fato é que Bahuan foi cada vez mais perdendo espaço na novela, e o público cada vez mais torcendo por um final feliz entre Maya e Raj.

Parelelo à história central indiana, vale destacar a trama da família Cadore, que chegou a mobilizar a novela por um período: o drama de Raul Cadore (Alexandre Borges), que forjou sua morte ante a família e fugiu do país, para depois ser enganado por sua cúmplice Yvone (Letícia Sabatella). Ainda a abordagem à esquizofrenia, através do personagem Tarso, vivido por Bruno Gagliasso.

No elenco, também Tony Ramos, Lima Duarte, Débora Bloch, Humberto Martins, Christiane Torloni, Laura Cardoso, Eliane Giardini, Osmar Prado, Nívea Maria, Marjorie Estiano, Caco Ciocler, Elias Gleizer, Tânia Khalil, Dira Paes, Anderson Müller, Stênio Garcia, Vera Fischer, Maitê Proença, Antônio Calloni, Ana Beatriz Nogueira, Totia Meirelles, Ísis Valverde, Cléo Pires, Danton Mello, Caio Blat, Murilo Rosa, Betty Gofman e outros.

Saiba mais sobre "Caminho das Índias" no site Teledramaturgia.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier