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Falta testosterona a “Sete Vidas”

Nilson Xavier

22/06/2015 20h17

Débora Bloch e Ângelo Antônio (Foto: Felipe Monteiro/Gshow)

Débora Bloch e Ângelo Antônio (Foto: Felipe Monteiro/Gshow)

O que seria da novela "Sete Vidas" não fossem as DRs (discussões de relação), as sessões de terapia camufladas nos diálogos e as personagens femininas fortes e dominadoras em contraponto com personagens masculinos fracos e dominados?

Desde "A Vida da Gente" (2011-2012), o último trabalho de Lícia Manzo, este tem sido o norte da autora: conduzir a história proposta embasando-se em mulheres que questionam os homens amados, e estes representados apenas como meros receptores ou espectadores deste universo (melo)dramático feminino.

Faltando pouco menos de um mês para o término de "Sete Vidas", já é possível perceber que a trama não tem sustentação para mais tempo. "A Vida da Gente", tinha mais história para render, diferente da atual novela, em que seus dramas já estão quase todos fechados.

Isso não é uma crítica. "Sete Vidas" foi idealizada para contar uma história em um período de tempo menor (quatro meses), portanto, é mais enxuta. E fez bem a sua trajetória, com uma direção e produção de muito bom gosto e um texto inspirado, com foco nas relações humanas.

Mas as tramas de Lícia Manzo ainda carecem de personagens masculinos mais, digamos, fortes, assim como já são as mulheres de suas novelas. Seu mestre, Manoel Carlos, de quem herdou muitas características, também escrevia muito bem personagens femininas. Mas elas nunca sobrepujavam os masculinos.

Se "Sete Vidas" tivesse tido um tanto mais de testosterona (além da doação de sêmen, ponto de partida da história…), quem sabe essa relação ficasse melhor equilibrada. E assim, naturalmente, diminuiria a quantidade de DRs.

Leia também: Maurício Stycer – TOP 10 personagens masculinos mais vacilões de "Sete Vidas".

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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