“Totalmente Demais” agrada quem prefere a fantasia ao invés da realidade
Nada de favelas! A ordem do dia entre as novelas da Globo é dar um tempo na realidade nua e crua (ainda que essa realidade seja idealizada pelo Projac). Sai "I Love Paraisópolis", entra "Totalmente Demais", em que o principal cenário é o glamourizado mundo da moda. Alguma novidade até aí? Não!
A nova novela das sete, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, vem atolada na fantasia, reunindo velhos clichês do folhetim numa roupagem moderna, bonita e atraente, com a leveza e comicidade que o horário pede. Os dramas mais pesados – a mãe (Lili) que não superou a perda da filha e a mulher (Gilda) maltratada pelo marido brutamontes – fazem o contraponto com os vários personagens leves e seus pequenos dramas. Vivianne Pasmanter (Lili) e Leona Cavalli (Gilda), diga-se de passagem, estão ótimas na pele dessas mulheres sofridas.
"Totalmente Demais", a princípio, não tem vilões. Carolina (Juliana Paes tateando, ainda fora do tom) faz uso de métodos nada ortodoxos para conseguir o que quer. Vai para a cama libertinamente com Arthur (Fábio Assunção), o galinhão, embora o ame de verdade e queira um filho seu. Para ela, os meios justificam os fins. As disputas do casal através de apostas remetem a fórmulas já testadas – lembram dos costureiros Jacques Leclair e Victor Valentim de "Ti-ti-ti", também sobre o mundo da moda?
Eliza (Marina Ruy Barbosa, muito bem na personagem) é a florista tirada de "Pigmalião" que vai se transformar na deusa da beleza. Conhecemos de cor e salteado essa história. Os autores apostam no batido porque sabem que, quando bem contado, funciona. A gata borralheira sempre rende. E nada de subjetividade ou sutilezas: Eliza sonha com seu príncipe e até chama Arthur assim, sem imaginar que ele não passa de um sapo. Enquanto isso, o sapo ao seu lado, Jonatas (Felipe Simas), pode lhe dar o amor de que precisa – mas ela não enxerga. Felipe Simas em nada lembra seu último personagem, em "Malhação" – pontos para o rapaz
"Totalmente Demais" não tem pudores em reunir ingredientes universais para agradar uma audiência que está preferindo a fantasia em detrimento à realidade. Drama e comédia bem dosados, produção atraente, bons atores em personagens bem delineados. Tá tudo muito bonito, e o público já começa a se identificar com Eliza, Jonatas, Arthur, Lili, Gilda. E até com Carolina.
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