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Quem se destacou e quem ficou devendo no elenco de “Êta Mundo Bom”

Nilson Xavier

15/08/2016 07h00

Flávia Alessandra, com Eriberto Leão (Foto: Divulgação/TV Globo)

Flávia Alessandra, com Eriberto Leão (Foto: Divulgação/TV Globo)

Confesso que, no início de "Êta Mundo Bom", estranhei muito a interpretação de alguns atores. Passados sete meses, faltando duas semanas para o término da novela, revejo minhas críticas iniciais a Flávia Alessandra, Tarcísio Filho, Priscila Fantin e Rainer Cadete e os parabenizo pelo trabalho na novela. Fui ludibriado pelo texto rebuscado de Walcyr Carrasco. Não é fácil proferir cada palavra que o autor põe na boca de seus personagens.

Carrasco é um mestre na carpintaria da telenovela, na forma com que prende seu público através de tramas e personagens cativantes, muitas vezes abrindo mão do realismo e lançando-se ao maniqueísmo para estimular os sentimentos mais básicos do telespectador. Mas seu texto não surtiria efeito não fosse o elenco afinado com sua proposta. Além da direção (que faz valer as intenções do autor) e da produção competentes, pergunto o que seria de "Êta Mundo Bom" não fosse seu elenco.

O autor optou por dois tipos de interpretação. Os caipiras que falam errado (a maioria no núcleo da fazenda) – com o preciosismo de cada personagem ter sua forma própria de falar, com uma prosódia diferente, por exemplo. E os personagens, digamos, da cidade, que falam um português corretíssimo – com o uso farto do verbo "haver" ("Eu hei de conseguir") e o verbo no infinitivo em substituição ao gerúndio ("O que está a fazer?" "Estou a ler!").

Entre os atores com personagens caipiras, todos os aplausos para Sérgio Guizé (Candinho), Elizabeth Savalla (Cunegundes), Ary Fontoura (Quinzinho), Flávio Migliaccio (Josias), Rosi Campos (Eponina), Camila Queiroz (Mafalda), Anderson Di Rizzi (Zé dos Porcos) e Dhu Moraes (Manuela). Dos que falam o português culto de Walcyr Carrasco, elogios a Marco Nanini (Pancrácio/Pandolfo), Eliane Giardini (Anastácia), Flávia Alessandra (Sandra), Bianca Bin (Maria), Rainer Cadete (Celso), Arthur Aguiar (Osório) e Ana Lúcia Torre (Camélia).

Rever uma crítica após o susto inicial é um ótimo exercício. Para o bem e para o mal: depois de sete meses de novela, não tem como defender as interpretações de Débora Nascimento (a mocinha Filomena, que definitivamente não funcionou, nem com sotaque caipira, muito menos sem sotaque caipira), Eriberto Leão (Ernesto, o vilão canastrão, de expressão, entonação e trejeitos lineares, sem nuances) e Giovanna Grigio (Jerusa, a garota doente mais inexpressiva das novelas).

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Ary Fontoura e Elizabeth Savalla (Foto: Divulgação/TV Globo)

Ary Fontoura e Elizabeth Savalla (Foto: Divulgação/TV Globo)

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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