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10 motivos para assistir “Pai Herói”, estreia de hoje no canal Viva

Nilson Xavier

17/10/2016 07h00

Paulo Autran / Tony Ramos e Elizabeth Savalla (Foto: Divulgação/TV Globo)

Paulo Autran / Tony Ramos e Elizabeth Savalla (Foto: Divulgação/TV Globo)

O Viva estreia hoje a clássica novela "Pai Herói", de Janete Clair, exibida no longínquo ano de 1979 e nunca reprisada. Vai ao ar às 23h30, com repeteco do capítulo no dia seguinte, às 13h30. A novela também está disponível nas lojas, em DVD (o box foi lançado este ano). Abaixo, listo 10 motivos para acompanhar o drama de André Cajarana, que luta para limpar o nome do falecido pai.

1. Grande sucesso de Janete Clair

A autora já era consagrada quando escreveu a novela. Vinha do sucesso de "O Astro", do ano anterior. "Pai Herói" comprovava mais uma vez o seu poder catalisador de massas. Um folhetim clássico, com todo o intrincado novelo de tramas e personagens típico de Janete. Foi um fenômeno de audiência e repercussão na época.

2. Há 37 anos, direto do túnel do tempo

Uma sociedade sem computador, internet e smartphones. "Pai Herói" era ambientada no Rio de Janeiro de 1979, em cenários como Ipanema e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Também teve externas nos municípios de Maricá, São José do Vale do Rio Preto e Três Rios (RJ), e em Bariloche, na Argentina. Além dos carros, roupas, moda e decoração da época, é a oportunidade de rever atores que já nos deixaram, como Paulo Autran, Carlos Zara, Cláudio Cavalcanti, Regina Dourado, Lélia Abramo, Dionísio Azevedo, Yara Lins, Thaís de Andrade e outros. E Tony Ramos, Elizabeth Savalla, Jorge Fernando, Fernando Eiras e Nádia Lippi jovens e lindos, então campeões de cartas de fãs.

Glória Menezes e Tony Ramos (Foto: Divulgação/TV Globo)

Glória Menezes e Tony Ramos (Foto: Divulgação/TV Globo)

3. Tapa buraco

Não era a vez de Janete Clair escrever novela. De acordo com a ordem de autores da época, após Gilberto Braga (que concluíra "Dancin´ Days"), seria a hora de Lauro César Muniz apresentar um novo trabalho. A sinopse de "Fênix" havia sido aprovada e o elenco estava começando a ser escalado, quando Lauro caiu doente. Janete, que havia acabado de escrever "O Astro", foi acionada às pressas para substituí-lo. Ela tomou então uma antiga radionovela sua, "Um Estranho na Terra de Ninguém" (de 1958), incrementou e transformou em telenovela. Lauro, finalmente, veio depois, com "Fênix" rebatizada de "Os Gigantes".

4. Tony e Savalla

A Globo repetia em "Pai Herói" o "casal sensação" do trabalho anterior de Janete, "O Astro". Menos de um ano antes, Tony Ramos era Márcio Hayalla, um rapaz rico, e Elizabeth Savalla era Lili, uma moça pobre. Na nova novela, eles eram André Cajarana, um rapaz pobre, e Carina Brandão, moça rica. Curiosamente, a autora queria que André terminasse a novela nos braços de Ana Preta (Glória Menezes), a terceira ponta desse triângulo amoroso. Mas ela acatou o desejo da maioria do público, que torcia por André e Carina, num autêntico caso de #Andrerina vs. #Andreana

5. Boom de Andrés e Carinas

Se você nasceu em 1979 (tem por volta dos 37 anos) e se chama André ou Carina, com certeza foi assim batizado por conta dos personagens e Tony Ramos e Elizabeth Savalla na novela. Os nomes se popularizaram na época e os cartórios registraram um verdadeiro boom de Andrés e Carinas.

Carlos Zara e Paulo Autran (Foto: Divulgação/TV Globo)

Carlos Zara e Paulo Autran (Foto: Divulgação/TV Globo)

6. Trabalhos impecáveis…

… e memoráveis de Tony Ramos, Elizabeth Savalla, Glória Menezes (a sofrida Ana Preta, um de seus melhores papeis em novelas), Rosamaria Murtinho (a neurótica Walkíria) e Carlos Zara (estreando na Globo como o vilão César Reis). Paulo Autran, avesso às novelas, fazia a sua primeira telenovela diária, como o adorável vilão Bruno Baldaracci, um tipo italiano, mafioso e tragicômico que caiu no gosto do público e lhe marcou a carreira. Ao final, de novo para não desapontar o público, o vilão não foi punido por seus crimes. Perseguido pela polícia, Baldaracci foge num helicóptero, fantasiado de pierrô.

7. O público não entendeu o final

"Pai Herói" teve um "quem matou?" uma semana antes de seu término. Vários personagens tinham motivos de sobra para liquidar o escroque César Reis (Carlos Zara). O último capítulo da novela não deixou claro para o telespectador quem havia cometido o assassinato. A Globo recebeu tantos telefonemas de reclamações que Janete Clair teve que ir ao "Fantástico" explicar o desfecho de sua trama!

Elizabeth Savalla dançando

Elizabeth Savalla em "O Lago dos Cisnes" (Foto: Divulgação/TV Globo)

8. O sofrimento de Savalla

A atriz, que interpretava uma bailarina clássica, teve aulas de balé e foi obrigada a fazer um rigoroso regime. "Sofri muito… de fome! Passei oito meses de regime, sob a vigilância de uma coreógrafa russa!", declarou ela em entrevista. A Globo contratou a russa Eugenia Feodorova para assessorar as gravações de balé. Mais de trinta bailarinos fizeram parte do corpo de dança que montou especialmente para a novela os espetáculos "O Lago dos Cisnes" e "Gisele", entre eles os franceses Atillio Labis e Françoise Legrée, da Ópera de Paris.

9. A abertura

Simples aos olhos de hoje, a abertura da novela marcou época. Um quebra-cabeças vai sendo montado até formar a imagem de um menino, numa estrada, de mãos dadas a um homem cujas peças estão faltando. Um quebra-cabeças igual ao da abertura foi ofertado no Dia dos Pais de 1979 como brinde em um shopping center em São Paulo. A música-tema – "Pai", de Fábio Jr. – remete imediatamente à novela: "Pai, você foi meu herói, meu bandido….". Em 1982, a emissora mexicana Televisa plagiou descaradamente a abertura da Globo na novela "Chispita" (ao invés de um homem e um menino, o quebra-cabeças deles formava uma mulher e uma menina).

10. A trilha sonora

A casa de samba Flor de Lys era um dos cenários da novela e ajudou a difundir a gafieira. Muito antes de artistas aparecerem no Bar da Dona Jura (de "O Clone", 2001-2002), personalidades como Elza Soares, Ângela Maria e Nelson Gonçalves deram uma palhinha na gafieira de Ana Preta (Glória Menezes). A trilha nacional da novela trouxe a fina flor da MPB e do samba do final dos anos 70: Alcione, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Maria Bethania, Moraes Moreira, Renato Teixeira, Roberto Ribeiro, Guilherme Arantes, Carlinhos Vergueiro, Marina.

paiheroi_disco2O LP internacional vendeu como água e a maioria das músicas tocou muito nas FMs da época. O Brasil vivia o seu auge da Era Disco e a trilha teve dois hits do período: "AA AA UU AA EE" (Zack Ferguson) e o hino gay "I Will Survive" (Gloria Gaynor). Também o mega-hit "Heart of Glass" (Blondie), as baladas "You Needed Me" (Anne Murray), "Sharing the Night Together" (Dr. Hook), "How You Gonna See Me Now" (Alice Cooper), "I´d Rather Hurt Myself" (Randy Brown), "I Just Wanna Stop" (Gino Vannelli), "Mirrors" (Sally Oldfield) e a cafonérrima "Pigeon Without a Dove" (Patrick Dimon). Porém, a música mais executada dentro da novela foi a francesa "Allouette", tema de Carina, gravada por Denise Emmer, filha de Janete Clair e Dias Gomes.

AQUI tem o elenco completo, detalhes da trama e mais curiosidades sobre "Pai Herói".
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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