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10 motivos para assistir “A Gata Comeu”, estreia de hoje no canal Viva

Nilson Xavier

24/10/2016 07h00

Jô Penteado e o Professor Fábio (Christiane Torloni e Nuno Leal Maia)

Jô Penteado e o Professor Fábio (Christiane Torloni e Nuno Leal Maia)

O Viva estreia hoje a novela "A Gata Comeu", cultuada por uma legião de fãs que foram crianças em 1985 ou durante suas duas reprises na Globo, em 1989 e 2001. O tumultuado romance entre a mimada Jô Penteado e o certinho Professor Fábio, que marcou gerações, está de volta às 15h30 no canal Viva (horário alternativo, meia-noite e meia). Abaixo listo 10 motivos para não perder essa viagem à década de 80!

1. Remake

Escrita por Ivani Ribeiro, "A Gata Comeu" era um remake da novela "A Barba Azul", que a autora apresentou na TV Tupi entre 1974 e 1975, estrelada pelo casal Eva Wilma (Jô Penteado) e Carlos Zara (Professor Fábio). A versão da Globo é praticamente a mesma história com alguns poucos ajustes e modernizações. Christiane Torloni ficou marcada para sempre com sua interpretação da engraçada Jô, briguenta, caprichosa, mimada e sonâmbula, lutando pelo amor de Fábio, vivido por Nuno Leal Maia, de temperamento oposto: sério, certinho e metódico. A briga de gato e rato entre o casal divertiu os telespectadores e garantiu o sucesso da novela.

Tito e Babi (Jayme Periard e Mayara Magri)

Tito e Babi (Jayme Periard e Mayara Magri)

2. O título (o que a gata comeu afinal?)

Na trama, Jô Penteado tinha o apelido de Lucrécia Bórgia por ser uma megera que fez sofrer seus pretendentes: ficou noiva sete vezes sem ter casado. Na novela da Tupi, seu apelido era "a Barba Azul", o que justificava esse título. Na Globo, as primeiras chamadas de estreia aguçaram a curiosidade do público: o que será que a gata comeu? Na verdade, a referência estava na música de Caetano Veloso gravada pelo grupo Magazine (de Kid Vinil) para a abertura: "Ela comeu meu coração, trincou, mordeu, mastigou, engoliu, comeu…". Jô era a gata que comia o coração de seus pretendentes.

3. Entre tapas e beijos

Pode soar politicamente incorreto hoje em dia, mas um dos destaques do divertido romance entre Jô e Fábio era a relação entre tapas e beijos – literalmente – do casal. Tanto que o bordão de Fábio era "bateu, levou!", e um revidava o tapa do outro. Em tempos de conscientização da violência contra a mulher, os tapas de Fábio em sua amada podem ser mal vistos pela patrulha do politicamente correto. Embora o tom de "A Gata Comeu" seja o de uma trama ingênua de forte apelo infantil (quase uma animação em live-action), violência contra mulher não tem graça alguma.

Ivete (Nina de Pádua), Oscar (Luiz C. Arutin), Ceição (Dirce Migliaccio) e Nanato (Silvio Perroni)

Ivete (Nina de Pádua), Oscar (Luiz C. Arutin), Ceição (Dirce Migliaccio) e Nanato (Silvio Perroni)

4. Os casais e os vigaristas

Além de Jô e Fábio, "A Gata Comeu" teve uma galeria de outros casais e de vigaristas que rechearam a novela em tramas irresistíveis. Tetê e Gugu (Marilu Bueno e Claudio Corrêa e Castro) brigavam como crianças: grávida, ela obrigava o marido e satisfazer-lhe os desejos gastronômicos mais esdrúxulos. O malandro Oscar (Luiz Carlos Arutin com um engraçado sotaque carioca) era sustentado pela mulher, a simplória e dedicada Ceição (Dirce Migliaccio): se fazia de doente para não trabalhar e passar o tempo azarando gatinhas na praia. Zé Mário (Élcio Romar) fingia uma cegueira para se aproximar de Babi (Mayara Magri), que lia para ele. O garçom Vitório (Laerte Morrone) se passava por conde italiano para enganar a esnobe Gláucia (Bia Seidl), a irmã invejosa de Jô.

5. O naufrágio na ilha

Antológicas as cenas dos primeiros capítulos em que um grupo de personagens, numa excursão marítima a Angra dos Reis, vai parar numa ilha deserta quando o barco sofre uma pane e sai de sua rota. É quando Jô conhece o Professor Fábio, que estava levando um grupo de alunos para a excursão. A antipatia é imediata e o conflito dela com as crianças, inevitável. E divertido!

Fábio (Nuno Leal Maia) e os filhos Cuca (Danton Mello) e Adriana (Katia Moura)

Fábio (Nuno Leal Maia) e os filhos Cuca (Danton Mello) e Adriana (Katia Moura)

6. O Clube dos Curumins

Talvez o maior apelo de "A Gata Comeu" nem fosse o romance de Jô e Fábio, mas as crianças do Clube dos Curumins – pelo menos para o público infantil. Um grupo de sete guris que se reunia numa casinha no fundo de um terreno para decidir suas brincadeiras e travessuras e discutir problemas comuns: os irmãos Cuca (Danton Mello, então com 10 anos, estreando em novelas) e Adriana (Katia Moura), filhos de Fábio; os irmãos Xande (o lourinho, vivido por Oberdan Jr., conhecido ator-mirim da época, então com 14 anos) e Suely (Juliana Martins, com 11 anos, também estreando em novelas); os irmãos Cecéu (Rafael Alvarez) e Verinha (Juliana Lucas Martim); e Nanato (o gordinho, vivido por Silvio Perroni).

7. A Urca

A maioria das externas foi gravada no bucólico bairro da Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro, com muitos pontos até hoje reconhecidos e visitados pelos fãs da novela. Os prédios que serviram de fachada para as residências da família Penteado (um edifício de classe média alta) e do Professor Fábio (um prédio mais simples); as casas conjugadas onde moravam a família de Paula (Fátima Freire), de um lado, e a família de Ivete (Nina de Pádua), do outro; o prédio que foi fachada para a escola em que Fábio lecionava; a pracinha para crianças onde ficava a banca de Seu Vicente (Germano Filho); a ponte de onde Fábio jogou Jô ao mar; e a igreja em que Jô tentava impedir o casamento de Fábio e Paula.

Dona Biloca (Norma Geraldy), Tetê (Marilu Bueno) e Gugu (Claudio Correa e Castro)

Dona Biloca (Norma Geraldy), Tetê (Marilu Bueno) e Gugu (Claudio Correa e Castro)

8. A moda dos anos 80

Quer saber como era a moda dos anos 80? Assista "A Gata Comeu"! Gravada em 1985, a novela apresentou todo o exagero do New Wave, em figurinos como calças e blusas bufantes, sobreposição de roupas, terninhos de manga dobrada ou arregaçada, bijuterias gigantescas, maquiagem pesada e esfumaçada, gel no cabelo, laçarotes, bandanas e ombreiras – em cores berrantes, como rosa-choque, azul-piscina, laranja ou verde-limão. Ah, e o inesquecível corte de cabelo poodle assimétrico de Christiane Torloni! AQUI tem um texto bem bacana sobre o estilo da época, em moda e design.

9. A abertura

Criada pela equipe do artista gráfico Hans Donner, a abertura da novela (ao som da música "Comeu" com o grupo Magazine) marcou época. A identidade visual e linguagem gráfica eram inspiradas no design Memphis, em voga na ocasião, prevalecendo as formas geométricas em cores berrantes.

10. A trilha sonora

O que seria de "A Gata Comeu" sem suas músicas! Além de "Comeu" na abertura: "Só Pra Vento" (com Ritchie) definia a protagonista Jô; "Amigo do Sol, Amigo da Lua" (Benito de Paula) situava as cenas de Fábio e seus alunos; "Seu Nome" (Biafra) era o tema de Paula; "Choro" (Fábio Jr.), tema de Edson, "Eu Queria Ter uma Bomba" (Barão Vermelho), tema de Rafael, e "Tipo One Way" (Ciclone) embalava o namoro de Babi e Tito, entre outras.

comeut2O LP internacional foi um sucesso de vendas, repleto de hits das FMs da época: "I Should´ve Known Better" (Jim Diamond), "The Heat Is On" (Glenn Frey), "Everything I Need" (Men At Work), "Heaven" (Bryan Addams), "I Was Born to Love You" (Freddy Mercury), "Everytime You Go Away" (Paul Young), "Just Another Night" (Mick Jagger), "Forever By Your Side" (Manhattans). Uma curiosidade: o LP internacional teve duas versões. Assim que chegou às lojas, a primeira leva de discos teve que ser recolhida pois não houve autorização da gravadora de Madonna para que sua música "Crazy For You" estivesse no LP e cassete. Uma segunda versão da trilha foi lançada comercialmente, com a música "Smooth Operator" (com a cantora Sade) em substituição.

AQUI tem mais informações sobre "A Gata Comeu": elenco completo, personagens, trama e curiosidades.
Fotos: CEDOC/TV Globo.
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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