Texto de “Sol Nascente” é piegas e pouco ousado
Mudanças já são sentidas no texto de "Sol Nascente". De fato a novela ganhou mais cenas de ação a fim de lhe conferir alguma agilidade. Nota-se porém que a saída de Laura Cardoso (afastada por motivo de doença) foi um baque para a novela das seis. A vilã Dona Sinhá era o último vestígio de alguma originalidade na história de Walther Negrão, Suzana Pires e Júlio Fischer.
"Sol Nascente" tem uma trama recheada de situações que poderiam render uma boa novela. Dramas, ganchos, mistérios, algum humor, vilanias, romances e merchandising social. É uma novela de diálogos bem escritos, bem dirigida, numa produção caprichada (artística e esteticamente falando), com fotografia esmerada e cenas e tomadas belíssimas de natureza e praia. Não se pode ignorar suas qualidades.
Porém, falta o essencial. É uma novela insossa, sem alma. Por mais que se tente aferir carisma às relações amorosas e familiares às quais a trama se propõe, por mais que se tente emocionar, "Sol Nascente" não consegue cumprir com seu objetivo. O texto força um sentimentalismo familiar que só faz cair no sentimentalismo fácil, ou barato. Nem atores tarimbados como Aracy Balabanian ou Luís Mello dão conta de tanta pieguice.
Por que o romance de Alice e Mário (Giovanna Antonelli e Bruno Gagliasso) ou Lenita e Vittório (Letícia Spiller e Marcello Novaes) não emocionam, não cativam? Por que o vilão de Rafael Cardoso (César) parece um vilão de papel ou por que a garota revoltada de Giovanna Lancelotti (Milena) soa apenas como uma chata? A novela ainda é politicamente correta demais nas sequências que envolvem ações sociais, com um texto didático e certinho que não cabe mais na televisão.
Sobra pieguice e falta ousadia à novela das seis. Falta surpreender e cativar o telespectador. Dona Sinhá, a "vovó do mal", era a única que poderia fazer o diferencial de "Sol Nascente". Uma perda irreparável para a novela.
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