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Falecido nesse domingo, o poeta Ferreira Gullar também escreveu para a TV

Nilson Xavier

04/12/2016 13h08

Ferreira Gullar. Foto: divulgação

Ferreira Gullar. Foto: divulgação

O escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e roteirista Ferreira Gullar faleceu nesse domingo (04/12), no Rio de Janeiro, aos 86 anos. Ele estava internado há cerca de vinte dias por causa de uma insuficiência respiratória e morreu de pneumonia. Maranhense de São Luís, José Ribamar Ferreira – seu nome – nasceu em 10 de setembro de 1930. Ganhador de vários prêmios, teve uma vasta bibliografia publicada, entre romances de ficção e não-ficção, crônicas, poesias, ensaios e contos. Em 2014, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras.

Ferreira Gullar – intelectual, poeta e engajado político – também teve uma importante passagem pela televisão, como roteirista de novelas, séries e minisséries. Chegou ao veículo pelas mãos do amigo Dias Gomes, tornando-se um de seus principais parceiros. Fez parte da equipe de roteiristas que, em 1979, lançou as "séries brasileiras", um projeto de Daniel Filho que contou – além dele e de Dias – com Walter George Durst, Gianfrancesco Guarnieri, Manoel Carlos, Walther Negrão, Aguinaldo Silva, Doc Comparato, Domingos de Oliveira, Bráulio Pedroso e outros.

Para a série de teleteatros "Aplauso" (de 1979), Gullar roteirizou "A Ilha das Cabras", "Só o Faraó Tem Alma", "O Preço", "Um Grito Parado no Ar", "As Pequenas Raposas", "Dona Felinta, a Rainha do Agreste" e "Judas em Sábado de Aleluia". Entre 1979 e 1981, esteve na equipe de criação e de roteiristas das séries "Carga Pesada" (estrelada por Antônio Fagundes e Stênio Garcia), e "Obrigado Doutor" (com Francisco Cuoco).

Com Dias Gomes, Ferreira Gullar escreveu três novelas. "Araponga" (entre 1990 e 1991), estrelada por Tarcísio Meira (escrita também com Lauro César Muniz). O remake de "Irmãos Coragem", de Janete Clair, em 1995 (escrito com Marcílio Moraes, Antônio Mercado, Margareth Boury e Lílian Garcia). E "O Fim do Mundo" (1996), novela curta (35 capítulos) que partia da seguinte premissa: o que você faria se só te restasse esse dia?

Ainda com Dias – e mais Marcílio Moraes -, Ferreira Gullar roteirizou capítulos de duas minisséries de sucesso. "As Noivas de Copacabana" (em 1992), sobre um serial-killer (vivido por Miguel Falabella) que estrangulava mulheres vestidas de noiva na praia. E a adaptação do romance "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Jorge Amado (em 1998), com Giulia Gam (Flor), Edson Celulari (Vadinho) e Marco Nanini (Teodoro).

Ferreira e Dias eram parceiros de militância, pelo Partido Comunista Brasileiro. Ferreira viveu na União Soviética, Argentina e Chile no período em que foi exiliado pela ditadura do Governo Militar. Ferreira Gullar esteve na TV enquanto Dias Gomes viveu. "Dona Flor", em 1998, foi o último trabalho da dupla no veículo. Dias faleceu em maio de 1999.

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"Ferreira Gullar fez incursão radical na política na década de 60".

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Miguel Falabella em

Miguel Falabella em "As Noivas de Copacabana" / Stênio Garcia e Antônio Fagundes em "Carga Pesada" (Foto: divulgação/TV Globo)

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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