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Série "The OA" cria uma forte expectativa pelo final, mas pode deixar mais dúvidas do que esclarecer

Nilson Xavier

08/01/2017 07h00

Brit Marling, como Prairie Johnson, The OA (Foto: divulgação/Netflix)

Brit Marling, como Prairie Johnson, The OA (Foto: divulgação/Netflix)

Não contém spoilers

Os comentários que li sobre a série da Netflix "The OA" (lançada em dezembro) geralmente faziam referência ao último episódio: de que emocionava ou causava reflexão, introspecção. O maior mérito da série é realmente esse: "The OA" cria, ao longo de seus oito episódios, uma forte expectativa para o grande desfecho, o ápice no final. É um roteiro elaborado de forma a cativar a audiência à medida que vai revelando a história.

E usa o mais simples dos recursos: a protagonista Prairie (Brit Marling) conta sua própria saga para um grupo de pessoas como se narrasse para o público. Mas não se engane, o emocionante desfecho é uma armadilha criada pelos roteiristas: eles conduzem a trama e os personagens de modo a provocar uma catarse. Mas isso não diminui os méritos de "The OA". Eu, que raramente me emociono em filmes, novelas ou séries, assumo que caí nessa armadilha: não contive as lágrimas.

"The OA" mistura drama, suspense e ficção científica com toques filosóficos tendo como base a experiência de quase-morte (EQM). Acima de tudo, é uma trama bem subjetiva. Seus desdobramentos dão margem a muitas interpretações. Até o título – THE OA – por vários episódios se mantém uma incógnita. É daquelas histórias que quanto mais vemos, mais dúvidas surgem. E mais explicações queremos. Não pense que tudo será esclarecido! Pelo contrário. Talvez isso frustre alguns.

Brit Marling e Jason Isaacs (Foto: divulgação/Netflix)

Brit Marling e Jason Isaacs (Foto: divulgação/Netflix)

A "alma" de "The OA" é a atriz Brit Marling, que dá vida a Prairie Johnson, a moça cega que desapareceu há sete anos e ressurge repentinamente, com a visão perfeita, se negando a revelar à família ou à polícia o que lhe aconteceu. Brit tem uma interpretação tão peculiar que suas expressões faciais, olhares e meios-sorrisos conferem à personagem o quê de sobrenatural ao qual a narrativa se propõe.

A atriz americana de 33 anos é também uma das criadoras e produtoras da série, juntamente com o cineasta Zal Batmanglij. Alguns dos filmes em que Brit atuou, ela também escreveu e produziu – como "A Outra Terra" e "A Seita Misteriosa", de 2011, e "O Sistema", de 2012 (os dois últimos com Batmanglij). Não a conhecia e para mim já ficou marcada como a OA. Brit Marling é a própria personificação da protagonista: praticamente uma entidade.

O elenco é excelente, cada ator bem trabalhado em seus personagens, todos ligados a Prairie: os pais adotivos Abel (Scott Wilson) e Nancy (Alice Krige), o carrasco Dr. Hap (Jason Isaacs), os companheiros de cárcere Homer (Emory Cohen), Scott (Vai Brill) e Rachel (Sharon Van Etten), e os ouvintes de sua história Elizabeth (Phyliss Smith), Steve (Patrick Gibson), French (Brandon Perea), Buck (Ian Alexander) e Jesse (Brendan Meyer).

Vale a pena se aventurar por esse universo. O derradeiro episódio compensa os longos sete anteriores.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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