Oscar 2017: Violência e exibicionismo técnico deixam trama de “Até o Último Homem” em segundo plano
Deixei o cinema como se tivesse me livrado de um elefante das costas. Tudo é pesado em "Até o Último Homem" ("Hacksaw Ridge"): do exagero de violência explícita e gratuita ao show de exibicionismo técnico. O roteiro pesa a mão no excesso de melodrama e nos clichês dos filmes de guerra – todos os possíveis e imagináveis. O diretor Mel Gibson peca como em "A Paixão de Cristo" (2004): pesa ao misturar religião e violência sem a menor sutileza. Aguarde por muito sangue e corpos esquartejados de todas as formas e ângulos. Na segunda (e longuíssima) sequência de batalha, eu já torcia para o protagonista morrer e acabar logo com aquilo! SQN Ainda tinha mais!
Quem gosta de cinemão americano, vai adorar – tem até sustos! Tecnicamente falando, o filme é excelente, abusando de recursos de som e efeitos especiais. Se levar os Oscars técnicos de som pelos quais concorre, serão vitórias justas. A história é bonita, baseada em fatos verídicos, sobre o soldado Desmond T. Doss, que lutou na Segunda Guerra e se recusou a pegar em armas por preceitos religiosos. Andrew Garfield está excelente como o protagonista. Hugo Weaving merecia uma indicação de ator coadjuvante pelo papel do pai de Desmond, um bêbado traumatizado pela guerra. Tem a ótima Rachel Griffiths (de "O Casamento de Muriel" e das séries "Six Feet Under" e "Brothers and Sisters").
Por sua ótima história, "Até o Último Homem" teria sido um excelente filme de guerra… se estivesse nas mãos de outro diretor. Aqui, a violência gratuita e o exibicionismo técnico parecem ter mais valor que a trama em si. De zero a cinco, dou duas estrelas da bandeira americana: a do estado da Virgínia e a do estado do Kansas, citados no filme.
6 indicações: filme, diretor (Mel Gibson), ator (Andrew Garfield), edição, edição de som e mixagem de som.
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