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"Contamos uma excelente história com personalidade e charme" diz diretora de Rock Story

Nilson Xavier

25/05/2017 07h00

Maria de Médicis dirigindo Alinne Moraes e Rafael Vitti (Foto: Artur Meninea/Gshow)

"Rock Story" é a quarta novela de Maria de Médicis como diretora geral na Globo. Nesta, ela divide a função com Dennis Carvalho, que também é o diretor artístico da trama. Maria concedeu uma entrevista ao blog, em que fala do sucesso da atual produção das sete, que está em sua reta final (o último capítulo vai ao ar dia 5 de junho, uma segunda-feira).

Carioca, Maria é formada em Artes Cênicas pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Como atriz, participou da novela "Tieta" (1989-1990), atualmente exibida no Viva: ela é uma das rolinhas do coronel vivido por Ary Fontoura. Em 1993, foi para atrás das câmeras, como auxiliar de produção. Em seguida, auxiliar de direção, até tornar-se diretora, em 2001. De lá para cá, foram 15 novelas e 2 minisséries: "Estrela-Guia", "Sabor da Paixão", "Da Cor do Pecado", "Como uma Onda", "JK", "Paraíso Tropical", "Desejo Proibido", "Ciranda de Pedra", "Queridos Amigos", "Caras e Bocas", "Ti-ti-ti", "Insensato Coração", "Cheias de Charme, "Sangue Bom", "Babilônia, "Geração Brasil" e "Rock Story" – as quatro últimas como diretora geral.

A que você atribui o sucesso, a boa repercussão de "Rock Story"?

Acho que é uma história clássica mas com personagens "de verdade". Não tem o "bom-bom" ou o "mau-mau". Os personagens são humanos. A música ajuda a dar o tom da fantasia que é necessário num folhetim. Modéstia à parte, acho que contamos uma excelente história com personalidade e charme.

Essa não é a sua primeira "novela musical". Você também dirigiu "Cheias de Charme", outro grande êxito. Quais as diferenças entre essas duas produções?

"Cheias de Charme" era uma fábula. E retratava muito bem o momento de ascensão social que o país estava vivendo. Era mais exagerada, mas não menos humana. Musicalmente as duas são incríveis! "Cheias de Charme" tinha uns momentos à la musicais Bollywood, que eram divertidíssimos de fazer. Foi uma das novelas que mais gostei de fazer!

Audiência é muito importante. Você fica à mercê dela?

Não. Mas obviamente tenho que me preocupar com ela. Quando uma novela não dá audiência a gente fica frustrado e triste, né? E, às vezes, é o contrário: uma novela na qual você não acredita tanto, explode nos números e te deixa surpreso!

Você também assinou "Babilônia" como diretora geral, novela problemática, criticada por todos os lados. Como foi lidar com esse trabalho? Por que o fracasso da novela?

É claro que fazer uma novela que tem números ruins é muito frustrante. Eu acho o primeiro capitulo de "Babilônia" maravilhoso. E acho que a novela tinha várias qualidades. Enfrentamos um momento difícil e uma rejeição que acabaram atrapalhando o andar da novela. O preconceito atrapalhou bastante. Não só com o casal gay, mas com questões mais pesadas que a novela tratava.

Consegue tirar alguma lição da experiência com "Babilônia", algo que você sabe que não pode repetir em outros trabalhos?

Acho que se eu soubesse essa resposta a Globo triplicava o meu salário! [risos]

Maria de Médicis com Dennis Carvalho (Foto: divulgação)

"Rock Story" é a primeira novela solo de Maria Helena Nascimento. Você vê algum diferencial no texto da autora?

Maria escreve personagens humanos e tridimensionais. O diálogo dela é muito fluido e "cabe" na boca do ator. Também é a primeira novela que eu faço que não tem nenhuma barriga.

Você palpita no texto de Maria Helena Nascimento? Contribui ou dá ideias? Existe algo que a autora pediu que não conseguiu realizar? Fez algo que surpreendeu a autora?

Dennis [Carvalho, o outro diretor geral] e eu palpitamos um pouco sim e ela é mega receptiva. Mas aprendi com o Dennis que deixar o autor bem à vontade é a melhor tática. Às vezes, a gente pede para ela dar um refresco porque não vai dar tempo de realizar bem o que ela gostaria. Mas em 97% das vezes a gente se vira em mil para conseguir.

O que mais lhe deu prazer em "Rock Story". O que faltou ou deixou de fazer?

O elenco de veteranos e jovens que parece uma família. E os shows! Me diverti muito gravando os shows!

Você é ligada à música? Canta ou toca algum instrumento?

Toco campainha brilhantemente! [risos] Amo música. Desde Brasília [ela morou na cidade na década de 1980] tento me manter conectada com a cena musical. E a coisa que eu mais gosto de fazer na vida é dançar! Sou uma fanática por musicais antigos! Sei de cor todas as letras de "My Fair Lady"!

Qual o próximo trabalho?

Devo fazer a próxima novela do João Emanuel Carneiro, com Dennis Carvalho. Mas meu único projeto agora é curtir minhas férias com Antônia e João [os filhos].

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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