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Autora explica por que trocou o nome da novela de Pega Ladrão para Pega Pega

Nilson Xavier

02/06/2017 07h00

Claudia Souto (autora) e Luiz Henrique Rios (diretor) (Foto: Felipe Monteiro/Gshow)

Especulou-se que seria por conta do momento político, com Lava Jato e escândalos de corrupção. Ou porque nenhum anunciante gostaria de ver sua marca associada à palavra "ladrão". Conversei com Cláudia Souto, a autora de "Pega Pega", a nova novela das sete da Globo – estreia na próxima terça-feira (06/06). A melhor resposta ela deu quando lhe perguntaram se havia mudado a trama da novela porque mudou o título: "Pelo contrário! Eu mudei o título por causa da novela!"

Cláudia Souto começou a escrever a sua história em 2012, um momento muito diferente do que o brasileiro vive hoje. A ideia sempre foi a de uma comédia romântica para o horário das sete, leve, descontraída e divertida. Como a trama tem pinceladas policiais, com investigações sobre o furto a um hotel, Claudia lembrou do divertido samba "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão".
"À medida que ia escrevendo a história, percebi que o tom dado à trama era mais leve que o título 'Pega Ladrão'."

Os personagens não são unilaterais: não há vilões extremamente maus ou pessoas boazinhas demais – me disse Claudia. Não há nenhum político ou ladrão profissional na história e não se pretende discutir impunidade ou leis. "Então eu tirei o ´ladrão´ porque dava um peso à novela que eu não queria, porque essa não era a minha proposta."

Claudia afirma que "Pega Pega" retrata a vida de pessoas comuns, com qualidades e defeitos, que, por interferências externas e alheias às suas vontades, cometem atos questionáveis pelo senso comum: como os quatro personagens que se unem para furtar o hotel. "Me utilizo da descontração do termo 'Pega Pega', que remete a uma brincadeira, para discutir temas como ética e moral com leveza."

"Não que o crime que os personagens cometem seja impassível de pena, afinal, para o senso comum, nada justifica o que eles fazem." Mas a autora está "curiosa em saber qual será a reação do público a cada um dos envolvidos no furto ao hotel.Cláudia Souto propõe a empatia, a simbiose, que o telespectador se ponha no lugar dos personagens, se identifique com os problemas de cada um.

Os ladrões: João Baldasserini, Nanda Costa, Thiago Martins e Marcelo Serrado (Foto: Paulo Belote/TV Globo)

O principal cenário é um hotel por onde transita a maioria dos personagens. Muitos lembrarão da novela "Feijão Maravilha" (1979), que também tinha um hotel e uma trama policial. Cláudia Souto diz que sua história tem referência nas comédias românticas de Hollywood da década de 1950. "'Pega Pega' é uma comédia romântica com doses policiais. 'Feijão Maravilha' era diferente, uma chanchada divertida, que beirava o nonsense, remetia às chanchadas da Atlântida." Outra novela antiga com hotel é "Os Fantoches" (1967), porém com uma trama bem diferente.

"Pega Pega" é a primeira novela solo de Cláudia Souto. Ela começou na TV nos anos 1990, como roteirista de programas diversos: "TV Colosso", "Casseta e Planeta Urgente", "Sai de Baixo", "Bambuluá" e "Carga Pesada", entre outros. Em novelas, foi colaboradora de Walcyr Carrasco, em "Sete Pecados", "Caras e Bocas" e "Morde e Assopra" (entre 2007 e 2011), e de Daniel Ortiz, em "Alto Astral" (2014-2015).

AQUI tem tudo sobre "Pega Pega": elenco completo, trama, personagens e curiosidades.
Leia também: "Globo abre luxuoso hotel de Pega Pega para a imprensa com elenco no figurino de seus personagens"

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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