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Mocinha de “Novo Mundo” vai na contramão das heroínas empoderadas das outras novelas

Nilson Xavier

30/06/2017 11h25

Isabelle Drummond e Gabriel Braga Nunes (Foto: divulgação/TV Globo)

No início, até pareceu que Anna Millman – a mocinha de "Novo Mundo" vivida por Isabelle Drummond – seria uma heroína empoderada, tão em voga nas novelas atualmente. Escritora, determinada, avançada para a sua época, Anna tinha um pé na transgressão e até pegou em espadas para defender-se. Com o tempo essa imagem foi se dissipando. Facilmente enganada pelos vilões da novela, caiu em armadilhas de amor, casou-se com o crápula Thomas (Gabriel Braga Nunes) e agora está presa a ele, literalmente – Thomas a chantageia usando sua filha bebê.

Meses atrás, eu temia que Anna fosse acabar "presa na torre" pelo vilão – uma alusão ao batido destino das clássicas mocinhas românticas de folhetim. Pois foi exatamente o que aconteceu. No capítulo de quinta (29/06), Thomas mandou colocar grades nas janelas da casa onde mantem Anna cativa. Previsível e desestimulante. Vamos torcer para que no final não aconteça o famigerado rapto da mocinha.

Anna vai na contramão das protagonistas da novela das nove, "A Força do Querer", essas sim, empoderadas, fortes, donas de seus desejos: Jeiza (Paolla Oliveira), Ritinha (Ísis Valverde) e Bibi (Juliana Paes). No entanto, "Novo Mundo" cumpre bem a "cota empoderamento feminino" através de outras personagens: a imperatriz Leopoldina (Letícia Colin), a índia Jacira (Giullia Buscaccio) e Diara (Sheron Menezes).

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Elogiar as atuações de Guilherme Piva (Licurgo), Vivianne Pasmanter (Germana) e Ingrid Guimarães (Elvira) em "Novo Mundo" já é chover no molhado. Mas Ingrid se superou no capítulo de quinta com sua madame Dalila, um disfarce para ludibriar quem acha que Elvira está morta. E a cena em que ela reencontra o filho adotivo, Quinzinho (Théo de Almeida Lopes), foi emocionante. O melhor papel de Ingrid na televisão, não?

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De "Novo Mundo", pego um gancho para "Os Dias Eram Assim". Há um tempo, publiquei que essas duas novelas estavam repetindo tramas. O vilão Thomas casou-se com a mocinha Anna depois de tê-la afastado de seu amor Joaquim (Chay Suede), ao mesmo tempo em que, na supersérie das onze, o vilão Vitor (Daniel Oliveira) casou-se com a mocinha Alice (Sophie Charlotte) depois de tê-la afastado de seu amor Renato (Renato Góes). E as duas novelas continuam seguindo juntas: agora Vitor chantageia Alice usando os filhos, tal qual Thomas faz com Anna. Será que Vitor irá colocar grades nas janelas?

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Em "Os Dias Eram Assim", Alice descobriu que Renato está vivo e assim a novela perdeu o principal sustento de sua trama e o que tinha de mais interessante. É como se recomeçasse ao entrar em uma nova fase. E ainda tem chão pela frente: a novela fica no ar até setembro ou outubro. O que mais as autoras (Ângela Chaves e Alessandra Poggi) irão bolar para manter o interesse do público? O fundo histórico, como sabemos, é apenas uma perfumaria, já que em nada interfere na trama. Foi o amigo Maurício Stycer quem primeiro afirmou que a supersérie podia passar no horário das seis. Tanto é verdade que as histórias das duas novelas têm sustentos dramáticos semelhantes – apesar dos fundos históricos diferentes.

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Falta em "Os Dias Eram Assim" o que "A Força do Querer" tem de sobra: histórias interessantes e personagens carismáticos. Juliana Paes está dando um show diário na novela de Glória Perez. Que personagem incrível essa Bibi! Um pé na Lili Carabina, que Betty Faria imortalizou no cinema.

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"Pega Pega" ainda não me pegou. Tem coisas bem legais, mas outras nem tanto. Acho cedo para uma avaliação mais profunda. No capítulo de ontem, baixou o Félix no Eric (Mateus Solano). Féric. Ou Élix.

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Gosto da maneira como o sexo é comentado pelos jovens em "Malhação, Viva a Diferença". De forma naturalíssima, sem melindres. É "quem tá pegando quem" pra cá, relação aberta pra lá. Enterra todas as temporadas anteriores de "Malhação" no passado. Aliás, essa temporada avança a passos largos no tratamento aos jovens na TV aberta. Cao Hamburger promove uma verdadeira revolução na temática.

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Que marasmo esse início de "Fera Radical" no Viva! As coisas demoram para acontecer e há poucos atrativos na trama. Também pudera: a novela tem um elenco dos mais enxutos (25 personagens fixos) e poucas tramas paralelas. E foi uma produção longa: 203 capítulos. Para se sustentar por tanto tempo, só enrolando muito. Acho que com o passar dos meses a novela ganha agilidade.

Encerro com uma feliz lembrança da amiga @SonsaAbrao do Twitter. Lília Cabral, a viciada em jogatina Silvana de "A Força do Querer", tem uma relação antiga com o jogo. Essa semana, em "Tieta", no Viva, sua personagem Amorzinho ganhou muitas prendas num bingo. E Lília já foi crupiê num pequeno cassino na novela "Pedra Sobre Pedra" e ficou milionária ao ganhar na loteria, como o Pereirão de "Fina Estampa".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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