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Novo “Os Trapalhões” assume o politicamente correto e o mea culpa com os gays

Nilson Xavier

17/07/2017 21h43

Dedé, Dedeco, Zaca, Didico e Mussa (Foto: reprodução)

Em uma reunião de super-heróis, Dedé (Manfried Sant´Ana), caracterizado de um herói gay, diante da iminência de uma piada homofóbica, solta: "Cuidado com as piadinhas, hein! Os tempos são outros!"

O recado está dado. O remake de "Os Trapalhões" – que o canal Viva estreou nessa segunda (17/07) – deixa claro que assumiu o politicamente correto e não fará referências depreciativas a gays, negros e mulheres, uma das marcas da série que fez sucesso na TV brasileira entre as décadas de 1970 e 1990.

Os esquetes exibidos neste primeiro episódio tiveram uma abordagem adequada aos dias de hoje e quase inclusiva no que concerne aos gays. Como na foto acima, em que os personagens, presos em um elevador, tiram a roupa por causa do calor e estão todos com lingerie por baixo.

Sem a abordagem sacana, resta o apelo puramente infantil dos "Trapalhões". O novo Didi, agora chamado de Didico (Lucas Veloso), não é mais o espertalhão de outrora que caçoava dos companheiros e sempre se dava bem. Num dos primeiros esquetes, Didico leva torta na cara e desaforo de Zaca (Gui Santana) e Mussa (Mumuzinho) – o que era impensável na fórmula antiga do programa.

Lucas Veloso, Mumuzinho, Gui Santana e Bruno Gissoni (Foto: TV Globo)

Didi (Renato Aragão) e Dedé (Mandried Sant´Ana) aparecem como uma espécie de padrinhos da nove trupe. Além de Didico, Zaca e Mussa, há também Dedeco (Bruno Gissoni), o galã da turma. Didico e Dedeco pouco remetem aos seus equivalentes Didi e Dedé – e é proposital, talvez pelas presenças dos originais. Em contrapartida, é impressionante o quanto Gui Santana e Mumuzinho lembram Zacarias e Mussum (Mauro Gonçalves e Antônio Carlos B. Gomes), nos trejeitos, dicção e voz. Foram os melhores dessa estreia.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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