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Morreu Gonzaga Blota, diretor de novelas como Roque Santeiro e Dancin´ Days

Nilson Xavier

21/11/2017 15h18

Gonzaga Blota com Malu Mader, na época da novela "Fera Radical" (Foto da atriz)

Faleceu nesta segunda-feira, 20 de novembro, o ex-diretor de novelas Gonzaga Blota, aos 89 anos, vítima de uma parada cardíaca. Em mais de trinta anos de televisão, tendo passado pelas TVs Excelsior, Tupi e Globo, Lula – como era conhecido no meio artístico Luís Gonzaga Blota – tinha em seu currículo quase quarenta títulos, entre novelas e seriados, a grande maioria na Globo. Blota dirigiu algumas das novelas mais marcantes da história da nossa televisão, como "A Muralha", em 1968, "Saramandaia", "O Astro", "Dancin´ Days" e "Pai Herói", nos anos 70, e "Roque Santeiro", "Fera Radical" e "O Salvador da Pátria", nos anos 80.

Luís Gonzaga Blota nasceu em Ribeirão Bonito, São Paulo, em 22 de março de 1928. Começou sua carreira na década de 1950, como contra-regra na Rádio Tupi de São Paulo. Foi ator, mas estabeleceu-se como diretor de televisão. Sua primeira direção foi a série "Canal 9 Contra o Senhor Espectro", em 1965, na TV Excelsior. Nesta emissora, dirigiu quatro novelas seguidas, entre 1968 e 1970 (quando a Excelsior fechou as portas): "A Muralha", "Os Estranhos", "Dez Vidas" e "Mais Forte que o Ódio". Em 1972, teve uma passagem pela Globo (dirigiu episódios da série "Shazan, Xerife e Companhia") e pela Tupi (a novela "Jerônimo, o Herói do Sertão").

Em 1974, Blota voltou à Globo e não desligou-se mais da emissora. Entre os vários trabalhos na década de 1970, contou principalmente com as parcerias de Walter Avancini e Daniel Filho: "Supermanoela", "Fogo Sobre Terra", "Saramandaia", "Duas Vidas", "Espelho Mágico", "O Astro" e "Dancin´Days". Em 1979, assinou sua primeira direção geral, "Pai Herói". Entre o final dos anos 1970 e toda a década de 1980, dirigiu na Globo para todos os horários de novelas: "Marron-Glacé", "Chega Mais", "Plumas e Paetês", "O Homem Proibido", "Paraíso", "Pão-Pão Beijo-Beijo", "Voltei pra Você", "Amor com Amor se Paga", "Roque Santeiro", "O Outro", "Fera Radical" e "O Salvador da Pátria". Entre 1990 e 1996, fez seus últimos trabalhos: "Gente Fina", "Pedra Sobre Pedra", "O Mapa da Mina", "Tropicaliente" e "O Fim do Mundo". Também foi um dos diretores que implantou a "Malhação", em 1995.

A sua mulher, a atriz Cleyde Blota, era figura constante em suas novelas. Atualmente, ela é vista em "Fera Radical", em reprise no canal Viva, novela em que Blota trabalhou com a parceria de Denise Saraceni. Gonzaga Blota estava aposentado desde 1997 e vivia com a mulher, também aposentada, em Araruama, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Era irmão do falecido apresentador e produtor de TV Blota Jr., e tio de Sônia Blota (do jornalismo da Band) e do ator Blota Filho (atualmente em "Carinha de Anjo", no SBT), filhos de outro irmão, Geraldo Blota.

Filho de imigrantes italianos, Gonzaga Blota afirmou, para a edição de novembro de 1981 da revista Amiga, que tinha gênio de "caboclo calabrês": "Sou capaz de engolir elefantes, mas engasgo com mosquitos".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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