De "Sob Pressão" a "3%": as melhores (e piores) séries nacionais de 2017
Foi um ano de algumas ótimas séries brasileiras, e de outras que passaram despercebidas. Já tradicional no blog, meu balanço do melhor ao pior das produções seriadas nacionais no ano.
"3%" foi lançada no final de 2016, mas foi em 2017 que a série criada por Pedro Aguilera ganhou status de hit. Primeira produção brasileira da Netflix, a série de ficção científica sobre um futuro distópico arregimentou uma legião de fãs na mesma proporção das críticas – pela produção barata e pobre, direção capenga de elenco e atores não tão bons (atuando com alguns excelentes, é preciso registrar). A Netflix aprovou a segunda temporada e parece que vem melhoras por aí – entenda mais grana investida. Que bom!
A Globo levou adiante a sua experiência on demand, lançando séries na plataforma Globo Play antes de estrear na TV aberta, tal qual fizera com "Supermax" em 2016. Desta vez, corrigindo o erro de "Supermax" – cujo último episódio só foi exibido na TV aberta meses depois de disponibilizado no Globo Play. Assim, o público teve acesso a todos os episódios das excelentes séries "Carcereiros" (inédita na TV aberta) e "Filhos da Pátria" (já exibida), da mediana "Brasil a Bordo" (inédita na TV aberta), dos telefilmes "Malasartes" e "Entre Irmãs", e da minissérie "Treze Dias Longe do Sol" (que estreia em janeiro na TV aberta).
"Filhos da Pátria" merece destaque pelo texto saboroso de Bruno Mazzeo, a produção caprichada, a direção (de Maurício Farias e Joana Labace) e o elenco em estado de graça (em todos os sentidos), com destaque para Alexandre Nero, Fernanda Torres, Matheus Nachtergaele e Johnny Massaro. Lamenta-se o horário de exibição, tardio, que pouco conseguiu motivar a audiência. A Globo preferiu priorizar a modorrenta "Cidade Proibida", exibida antes – talvez pelo fato desta ser totalmente inédita enquanto "Filhos da Pátria" estava inteirinha no Globo Play.
Apesar das ótimas produção e direção, e do elenco de peso de "Cidade Proibida", percebeu-se que a transposição para a TV dos quadrinhos de Wander Antunes foi equivocada: tudo muito bonito e bem feito, mas sem gás, sem pique, sem fôlego para dramaturgia seriada.
Por outro lado, fôlego ainda tem "Mister Brau", com o casal-sensação Lázaro Ramos e Taís Araújo. Uma nova temporada está garantida, com seu texto sagaz e bem humorado sobre questões pertinentes à atualidade apresentados de forma leve e divertida. Leve também foi a proposta de "A Fórmula", uma trama original sobre o amor de um homem (Fábio Assunção) pela mesma mulher de duas épocas diferentes: Drica Moraes, a madura, e Luísa Arraes, a jovem. Mas não tão boa a ponto de merecer continuidade.
Alexandre Machado e Fernanda Young no texto e Mauro Mendonça Filho na direção artística garantiram um bom entretenimento com "Vade Retro": o já conhecido humor peculiar do casal de roteiristas fazendo piada com o Diabo e dogmas religiosos, ao mesmo tempo em que criticava a natureza humana. Elenco afiado, encabeçado por Tony Ramos, como um diabo sedutor, e Mônica Iozzi.
Já a série "Sem Volta", da Record, com locações reais (Serra dos Órgãos, em Teresópolis, RJ) e um elenco seguro em cena, prometeu muita ação na trama sobre um grupo de pessoas perdidas na mata passando por dificuldades. Mas ficou só na ação mesmo. Na falta de uma história mais consistente, sobrou muito perrengue gratuito para os personagens na mata à espera de um resgate.
Uma das melhores produções da TV brasileira dos últimos anos, a minissérie "Dois Irmãos" exibiu a tragédia de uma família ambientada em uma Manaus barroca com a direção irrepreensível de Luiz Fernando Carvalho. Um espetáculo visual deslumbrante, com ares de opereta, e um elenco em atuações primorosas – com destaque para Juliana Paes, Eliane Giardini, Antônio Calloni, Antônio Fagundes e Cauã Reymond.
Por fim, "Sob Pressão", aclamada como "a série do ano", com dois dos melhores atores do ano: Marjorie Estiano e Júlio Andrade – ele, ainda destaque da segunda temporada de "Um Contra Todos", da Fox Brasil/Conspiração Filmes. Série médica com um bom diferencial: a luta e a criatividade de profissionais médicos para salvar vidas diante da precariedade de um hospital público, tratados com realismo e sem concessões – um poço sem fundo de possibilidades de roteiro que garantiriam várias temporadas. A segunda vem aí. Que bom também!
Fotos: Divulgação, por suas respectivas emissoras/produtoras.
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