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Exibida como minissérie, "Entre Irmãs" mantém na TV a imponência do filme

Nilson Xavier

02/01/2018 23h07

Nanda Costa e Marjorie Estiano (foto: reprodução)

A minissérie "Entre Irmãs", estreia da Globo desta terça-feira (02/01), é a transposição para a TV do filme homônimo de Breno Silveira. A imponência cinematográfica da produção mantem-se na televisão graças à fotografia, à beleza das locações (sertão nordestino), à trilha sonora e às interpretações do elenco.

A trama carrega nas tintas da tragédia. Os destinos das duas protagonistas, irmãs separadas abruptamente, seguem sentidos opostos: enquanto Luzia (Nanda Costa) é raptada pelo líder de um bando de cangaceiros e se apaixona pelo seu algoz, Emília (Marjorie Estiano) se transforma em uma dama da sociedade recifense. Com uma narrativa convencional, a ação avança intercalando as cenas de cada irmã.

A trama de Luzia, costureira com um defeito em um braço transformada em cangaceira, é mais intensa, resultado do perfil da personagem e do seu enredo. Poderia ser um banho de água fria cada vez que suas cenas trocam com as de Emília. Mas isso não acontece. Apesar do destino aparentemente mais fácil que o de sua irmã, a trama de Emília não é menos comovente. Enquanto Luzia carrega uma dureza na alma, Emília, mais romântica, é infeliz no amor.

O grande trunfo é justamente a interpretação das atrizes. Nanda Costa impressiona como Luzia – a sua melhor atuação – enquanto Marjorie Estiano tem o estofo necessário para que sua Emília não desapareça ante a grandiosidade de Luzia. Assisti "Entre Irmãs" (a minissérie está disponível na íntegra no Globoplay) com um sentimento de coração apertado, tocado pela história, pela beleza das imagens e da trilha sonora e pelas interpretações do elenco – também Cyria Coentro, Júlio Machado, Rômulo Estrela e Fábio Lago irrepreensíveis.

A expectativa aumenta à medida que se aproxima o clímax, no último capítulo. E não frustra o público. Prepare os lenços.

Serviço: direção de Breno Silveira (de "2 Filhos de Francisco" e "Gonzaga, de Pai pra Filho"), roteiro de Patrícia Andrade (baseado no livro "O Cangaceiro e a Costureira", de Frances de Pontes Peebles), coprodução da Globo Filmes e Conspiração Filmes. O filme estreou nos cinemas em outubro de 2017. A versão para a TV tem entre vinte e trinta minutos de material inédito.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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