Santana, Marcos, Dóris e mais personagens polêmicos de Mulheres Apaixonadas
A novela "Mulheres Apaixonadas", o maior sucesso da TV no ano de 2003, está completando 15 anos de estreia neste sábado (17/02). O autor, Manoel Carlos, mobilizou o público com suas tramas envolventes e uma galeria de personagens coadjuvantes polêmicos, que chamaram mais a atenção do que a protagonista Helena (Christiane Torloni).
Cheia de temas fortes, a novela discutiu violência doméstica, preconceito social e contra idosos, lesbianismo, alcoolismo, ciúme doentio e até violência urbana e câncer. Com uma estrutura similar à dos seriados, a produção garantiu vários clímax com as tramas paralelas. Todas as histórias, em determinado momento, assumiam pesos semelhantes ou até superiores aos dos conflitos da personagem principal, Helena.
Raquel (Helena Ranaldi) apanhava de raquete de tênis do marido Marcos (Dan Stulbah), Dóris (Regiane Alves) maltratava os avós e Santana (Vera Holtz) bebia todas. Havia também Giulia Gam, como Helóisa, uma mulher doente de ciúmes, as adolescentes lésbicas de Alinne Moraes e Paula Picarelli, Fernanda (Vanessa Gerbelli), que morre baleada em um assalto, e Bruna Marquezine criancinha, a menina Salete, que chorou a novela in-tei-ra!
A criação das adolescentes homossexuais Rafaela (Paula Picarelli) e Clara (Aline Moraes) foi a novidade da novela. Na trama, o romance provocou a ira de alguns personagens. Fora das telas, uma pesquisa encomendada pela Globo comprovou a simpatia do público pelas meninas, "desde que não houvesse cenas de beijo" – o que, à época, era bastante representativo, uma vez que as lésbicas Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), da novela "Torre de Babel" (1998), causaram rejeição e tiveram de deixar a trama às pressas, na explosão do shopping da história. Mesmo assim, Rafaela e Clara tiveram um beijo no final, porém casto e na penumbra.
Os telespectadores também ficaram sensibilizados com o drama da professora Raquel (Helena Ranaldi) que não conseguia se livrar do marido violento Marcos (Dan Stulbach), que a espancava com uma raquete de tênis. Por sua atuação, Dan Stulbach foi eleito pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) o melhor ator na televisão em 2003. Ele também foi premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator. "Mulheres Apaixonadas" rendeu ainda o Troféu Imprensa de melhor novela, melhor atriz (Giulia Gam) e revelação do ano na TV (Bruna Marquezine).
Também chamaram a atenção a personagem Santana (Vera Holtz), professora que enfrentou dificuldades para se livrar do vício da bebida e provocou transtornos na vida dos amigos, que a estimulavam a procurar tratamento; e o comportamento da rebelde Dóris (Regiane Alves), que não economizava esforços para maltratar os avós Leopoldo e Flora – talento esbanjado na atuação de Carmem Silva, 84 anos, e Oswaldo Louzada, 90 anos – à época, hoje são falecidos. Ficou famosa a sequência em que o pai de Dóris – Marcos Caruso – lhe dá uma surra de cinto por causa de seu comportamento.
Manoel Carlos fez apologia a várias causas politicamente corretas. No começo da novela, o casal de velhinhos Leopoldo e Flora fez campanha pela vacinação dos idosos contra a gripe. A discussão sobre direitos dos idosos foi parar no Congresso, em Brasília. Leopoldo e Flora também ajudaram a divulgar o Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, no Rio.
Em seguida, o drama da ciumenta Heloísa (Giulia Gam) serviu de mote para que se divulgasse o trabalho do MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), um grupo de apoio à mulher. Heloísa ganhou o apelido de Helouquisa em "Mulheres Recauchutadas", a paródia da novela feita pela turma do "Casseta & Planeta". Também a violência doméstica contra a mulher, a prevenção do câncer de mama, o alcoolismo e a impunidade foram merchandisings sociais abordados pelo autor.
O então prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, hesitou, mas acabou permitindo que as filmagens das cenas do assalto que culminou na bala que atingiu Fernanda (Vanessa Gerbelli) fossem feitas no Leblon. Em consequência, ficção e realidade se misturaram no domingo do dia 14/09/2003 quando foi feita a passeata Brasil Sem Armas nas ruas do Rio de Janeiro. Lá estava parte do elenco da novela. O evento ganhou espaço na trama e as cenas foram apresentadas no dia seguinte.
"Mulheres Apaixonadas" foi a última novela de Manoel Carlos com direção de núcleo de Ricardo Waddington, com quem já havia feito os sucessos "História de Amor", "Por Amor" e "Laços de Família", e a minissérie "Presença de Anita" (entre 1995 e 2001). Após, o novelista trocou de diretor: Jayme Monjardim assinou a direção das novelas "Páginas da Vida", "Viver a Vida" e "Em Família", e da minissérie "Maysa, Quando Fala o Coração" (entre 2006 e 2014).
AQUI tem tudo sobre "Mulheres Apaixonadas": elenco completo, tramas, personagens, trilha sonora e mais curiosidades.
Fotos: Acervo/TV Globo.
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