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"Deus Salve o Rei" melhora com trama de guerra e Marquezine menos robótica

Nilson Xavier

12/03/2018 20h27

Bruna Marquezine (Foto: reprodução)

É notório que a novela das sete da Globo – "Deus Salve o Rei", há pouco mais de dois meses no ar – vem passando por ajustes. Produção pretensiosa, com grande investimento em efeitos especiais e arte em geral (cenários, figurinos e caracterizações do elenco), tanto direção (Fabrício Mamberti e Luciano Sabino) quanto roteiro (Daniel Adjafre) vêm tateando no esforço de encontrar o melhor caminho para a atração.

A escolha pela interpretação rebuscada, com entonação teatral, de alguns atores revelou-se equivocada. A direção felizmente entendeu que Bruna Marquezine precisava rever o tom de sua Princesa Catarina. Hoje, a atriz já fala mais suavemente, o que conferiu uma naturalidade providencial à personagem. A expressão robótica foi amansada. Catarina já chora e sorri. E desfila menos. Na semana passada, a atriz esteve ótima em cenas com Marco Nanini.

Ainda assim, outras opções continuam incomodando. Nanini mantem uma imponência exagerada no falar e andar. Caio Blat, um ator tão bom, o tempo todo de cara amarrada, preso a um personagem aquém de seu talento. E Rômulo Estrela, na impossibilidade de sorrir frente ao calvário de seu personagem, podia ao menos abandonar o olhar sempre vago do Príncipe Afonso. Não é porque o personagem é um nobre de um reino dito medieval que precisa ser exageradamente formal, grandiloquente ou altivo o tempo todo. Vide Shakespeare.

Em contrapartida…

Johnny Massaro, a princípio, parecia repetir o personagem da série "Filhos da Pátria", com perfil semelhante. Qual nada! O ator tomou para si a novela e hoje o Príncipe Rodolfo, um misto de parvo e megalomaníaco, pouco lembra o Geraldinho da série. Com Tatá Werneck, forma uma dobradinha deliciosa. É, de longe, o melhor em cena, com o melhor personagem.

E melhor ainda quando Rodolfo deixa aflorar o seu lado perverso ao ser manipulado pela ardilosa Catarina. Uma dupla que promete. Catarina e Rodolfo têm rendido mais do que o par de robôs que Marquezine formava com o ator português José Fidalgo (o duque Constantino).

Johnny Massaro e Bruna Marquezine (Foto: reprodução)

Uma novela à procura de um roteiro

Durante a semana passada, foram exibidas cenas de batalha e a aliança firmada entre Catarina e Rodolfo. Será que "Deus Salve o Rei" finalmente começou? Até então, o autor buscava por um roteiro. A princípio, pareceu que a trama se iniciaria após a coroação de Rodolfo e a partida de Afonso para o reino vizinho. Porém, foram dois meses em que "Deus Salve o Rei" só patinou, sem história e sem rumo.

A audiência é estável (dentro da meta dos 25 pontos) e providências vêm sendo tomadas para melhorar esse cenário. "Deus Salve o Rei" tem todo o potencial para deslanchar. Porque, convenhamos, mesmo sem um arco narrativo forte, a novela é bonita de ver. Imagina agora que Marquezine e Massaro tacaram fogo no parquinho! Digo, no castelo.

Leia também: "Com menos ibope e sem repercussão, 'Deus Salve o Rei' decepciona".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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