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"Orgulho e Paixão" acerta com trama ágil repleta de romance e aventura

Nilson Xavier

15/04/2018 07h00

Alessandra Negrini e Nathalia Dill (Foto: divulgação/TV Globo)

A novela das seis da Globo, "Orgulho e Paixão", oferece um entretenimento despretensioso, leve e agradável. Contudo, a maior qualidade do folhetim assinado por Marcos Bernstein é o dinamismo de sua trama. Praticamente um mês no ar e tanta coisa aconteceu! Trata-se de uma comédia romântica com forte teor aventuresco. Perceba que, além dos imbróglios amorosos e açucarados, há personagens destemidos, ousados e que estão sempre desafiando o status quo ou, no mínimo, se metendo em confusões.

Isso confere à produção uma agilidade narrativa empolgante. Se resumirmos a trama como a história de uma mãe ávida por casar suas cinco filhas, o fato de a personagem de Vera Holtz estar sempre arfante, ofegante, diz muito sobre a novela como um todo.

Malvino Salvador como o motoqueiro herói da trama (Foto: reprodução)

Para impingir esse ritmo, o autor não limitou-se aos romances de Jane Austen nos quais sua novela é livremente inspirada. O motoqueiro vivido por Malvino Salvador é uma espécie de herói mascarado que mais parece saído de histórias em quadrinhos ou dos seriados americanos da década de 60; o interesse de Cecília (Anaju Dorigon) por livros de mistérios e pela mansão dos Tibúrcio é inspirada em Austen, mas tem um quê de Edgar Allan Poe (ou Conan Doyle, J. K. Rowling até); a governanta Fanny (Tammy Di Calafiori) não por acaso remete à governanta do filme "Rebecca", de Hitchcock; a caracterização de Gabriela Duarte lembra a madrasta da Cinderela – haverá um baile para o filho de sua personagem (Maurício Destri como a personificação do príncipe da Disney) escolher uma pretendente; Alessandra Negrini e Grace Giannoukas vivem uma ardilosa e divertida dupla – parecem personagens de desenho animado (Dick Vigarista e Muttley).

"Orgulho e Paixão" é bem mais que uma comédia romântica. Ainda que o maniqueísmo impere, o autor absorveu o espirituosismo dos personagens de Jane Austen e mesclou com pitadas de Edgar Allan Poe, Julio Verne, Daphne du Maurier (por Hitchcock), Charles Perrault, Disney, super heróis de histórias em quadrinhos e de seriados de matinê, e o que mais fizer lembrar a tríade romance-mistério-aventura. Uma fusão muito feliz de várias referências pop sem perder o foco no folhetim – afinal, é uma telenovela. É despretensiosa, leve, agradável e divertida.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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