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Óxente mai gódi! 10 curiosidades sobre "A Indomada", de volta hoje no Viva

Nilson Xavier

30/07/2018 07h00

Altiva (Eva Wilma)

O canal Viva estreia nesta segunda-feira (30/07, às 23h30 com reprise no dia seguinte 13h30) uma das novelas de maior sucesso da década de 1990: "A Indomada", de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. Originalmente exibida entre fevereiro e outubro de 1997, é outra trama por onde costumam transitar os personagens fantásticos dos autores, a exemplo de "Tieta" (1989-1990), "Pedra Sobre Pedra" (1992) e "Fera Ferida" (1993-1994), novelas anteriores com a mesma fórmula: história ambientada no Nordeste brasileiro com pitadas de realismo fantástico e muitos personagens carismáticos. Abaixo listo 10 curiosidades que resumem bem essa produção.

Helena e Teobaldo Faruk (Adriana Esteves e José Mayer)

1. Óxente mai Gódi!

O destaque foi o português com sotaque nordestino, falado pelos personagens, misturado a expressões da língua inglesa. Frases como "Uóti?", "Istópi!" e "Óxente, mai Gódi!" – o bordão da vilã Altiva (Eva Wilma) – se popularizaram. Passada na fictícia cidade de Greenville, em algum lugar no Nordeste brasileiro, onde todos davam um grande valor às tradições britânicas, a novela apresentou uma crítica à americanização mundial. Sobre o palavreado de sua personagem, Eva Wilma comentou em sua biografia "Eva Wilma, Arte e Vida" (Edla van Steen, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo):

"Aguinaldo criou, na minha personagem, a expresão 'óxente, mai Gódi'. (…) inclui uma colaboração de uma amiga pernambucana: 'thank you very much, viu bichinho!'. Nessa mistura entre o regionalismo pernambucano, o anglicismo e o americanismo residia o melhor do humor crítico do autor. Colaborei também com o 'weeeell' bem arrastado e esganiçado, que seria o nosso 'beeeem'. E com uma expressão inglesa, antiga, de despedida, de tchauzinho, que é 'triu-di-lou'."

Altiva (Eva Wilma) / Pitágoras (Ary Fontoura)

2. Altiva e Pitágoras

Grandes interpretações de Eva Wilma e Ary Fontoura, que viveram a ardilosa dupla Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque e o deputado Pitágoras Willians Mackenzie. Foram premiados com o Troféu Imprensa de melhor atriz e melhor ator de 1997. Também foram eleitos os melhores do ano pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) – Ana Lúcia Torre (também do elenco) foi eleita a melhor atriz coadjuvante.

3. Realismo fantástico

Aguinaldo Silva mais uma vez usou o ingrediente do realismo fantástico para desenvolver a trama. Situações como a do Delegado Motinha (José de Abreu), que caiu num buraco e foi parar no Japão, de Emanuel (Selton Mello), que transformou-se num anjo, ou de Altiva, que, ao final, virou fumaça jurando voltar para se vingar, são exemplos de recursos de narrativa empregados pelo autor para conquistar os telespectadores.

Dinorá, Zenilda e Sérgio Murilo (Carla Marins, Renata Sorrah e Cássio Gabus Mendes)

4. O Cadeirudo

Tal qual acontecera em "Tieta", em que o autor criou a misteriosa figura da Mulher de Branco, que atacava os homens de Santana do Agreste, "A Indomada" tinha o Cadeirudo, que saía em noites de lua cheia e atacava as mulheres de Greenville. A identidade do Cadeirudo foi descoberta nos últimos capítulos e, para surpresa geral, era uma mulher.

5. A Inglaterra no Nordeste brasileiro

Para representar a mistura cultural do povo de Greenville, a cidade cenográfica, no Projac, mesclava fachadas vitorianas com casas nordestinas, e os cenários em estúdio continham elementos brasileiros e britânicos. As caracterizações do elenco seguiam a mesma proposta: em pleno Nordeste, os personagens usavam trajes ingleses. O figurino de Pitágoras remetia ao ex-primeiro-ministro Winston Churchill, enquanto o do delegado Motinha foi inspirado na figura do detetive Sherlock Holmes. Altiva usava casaco de pele em pleno verão!

Egídio e Mirandinha (Licurgo Spínola e Betty Faria)

6. Crossover de novelas

Em "A Indomada", Lima Duarte fez uma participação especial revivendo seu personagem na novela "Pedra Sobre Pedra", Murilo Pontes, que vinha a Greenville para uma partida de pôquer. E o personagem de Ary Fontoura voltou à cena em outra obra de Aguinaldo Silva: "Porto dos Milagres" (em 2001). Em princípio, o ator faria apenas uma participação especial, mas a recepção do público foi tão grande que o deputado Pitágoras acabou permanecendo na trama.

7. A abertura

Antes de estrear como atriz, Maria Fernanda Cândido aparecia correndo na abertura de "A Indomada". Seu corpo transformava-se em elementos da natureza (fogo, pedra e água) para vencer obstáculos que surgiam em seu caminho. A abertura teve dois temas musicais: "Maracutudo" (gravação de Sérgio Mendes) e o hit "Unicamente", com Deborah Blando ("Raiou o sol, olha o mar que alegria / Sentir você é viver em harmonia / Eu vou buscar pedras brancas pra te dar / Linda sereia, odoia Iemanjá!"), tocado na reprise do "Vale a Pena Ver de Novo".

8. Estreias

"A Indomada" foi a primeira novela na Globo dos atores Rodrigo Faro, Matheus Rocha e Nívea Stellman (anteriormente ela havia feito apenas pequenas participações em outras produções). Amélia Bittencourt, veterana atriz de teatro, estreava em novelas.

9. A trilha sonora

Por ser uma trama regionalista, "A Indomada" teve duas trilhas nacionais lançadas, ao invés da tradicional dobradinha trilha nacional + trilha internacional. Além da abertura ("Maracatudo"), a música mais representativa da novela foi o sucesso "Unicamente", com Deborah Blando. Destacaram-se também a regravação de Fábio Jr. para "Impossível Acreditar que Perdi Você"; "Ciranda da Rosa Vermelha" (Elba Ramalho); "Meu Bem Querer" (Djavan); "Onde Estará o Meu Amor" (Maria Bethânia); "Cana Caiana" (Alceu Valença); "Estrela" (Gilberto Gil); "I Love You Tonight" (Falcão); "Avoha!" (Zé Ramalho); "Vem Nhanhá" (Na Boquinha da Garrafa); e "Pra Ficar Contigo" (Maurício Mattar).

10. Não confunda…

"A Indomada" (Globo, 1997) com a novela "A Indomável", de Ivani Ribeiro, apresentada pela TV Excelsior em 1965, baseada em "A Megera Domada" de Shakespeare. Uma não tem nada a ver com a outra.

AQUI tem tudo sobre "A Indomada": a história, o elenco, os personagens, a trilha e mais curiosidades.
Fotos: Acervo Globo.
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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