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Juliana Paiva se firma como uma das melhores atrizes de sua geração

Nilson Xavier

19/09/2018 10h44

Juliana Paiva em cena com Edson Celulari (foto: reprodução)

Um dos grandes acertos de "O Tempo Não Para" é a escalação de seu elenco (com pouquíssimas exceções). Só que ótimos atores precisam de grandes personagens e um ótimo texto – sem minimizar o trabalho da direção, muito importante, na condução do ator. Palmas para Mário Teixeira (no texto) e Leonardo Nogueira (na direção) e suas respectivas equipes.

No elenco, Edson Celulari, Rosi Campos, Christiane Torloni, Solange Couto, Felipe Simas, Maria Eduarda Carvalho, Regiane Alves, Carol Macedo, Olívia Araújo, Alexandra Richter, Kiko Mascarenhas, Milton Gonçalves, Adriane Galisteu e Maicon Rodrigues, em mãos com os personagens mais ricos em possibilidades – pelo menos por enquanto, outros nomes podem se sobressair mais e melhor futuramente.

Este texto é para destacar o trabalho de uma jovem atriz, que, de tanto talento em cena, não dá para ficar impassível. Juliana Paiva é de uma segurança ímpar com sua Marocas – algo pouco visto em colegas de sua geração. Começa pelo perfil da personagem. Marocas não se resume simplesmente a uma mocinha de época à frente de seu tempo, "empoderada" como se fala hoje – perfil que, às vezes, carrega o ranço de discursos politicamente corretos.

Marocas é mais rica que a mocinha empoderada. Humana, ela erra, titubeia e mete os pés pelas mãos. Acima de tudo, Juliana explora com maestria o brio, princípios e ética da personagem (que é de um outro tempo), quando expostos à luz de nossa época. Nas cenas com Samuca (Nicolas Prattes), seu par romântico na novela, a atriz passa a credibilidade necessária para o público comprar a personagem, indecisa entre o amor e a moral de seu tempo.

Em Ti-ti-ti, Malhação, Totalmente Demais e A Força do Querer (fotos: divulgação)

Marocas é o melhor trabalho da carreira de Juliana Paiva na TV, iniciada no remake de "Ti-ti-ti" (2010), com Val, uma personagem que era para ter acontecido, mas não aconteceu. Fatinha da "Malhação" (2012) tornou a atriz popular. Veio a Lili de "Além do Horizonte" (2013-2014) e quando "Totalmente Demais" (2015) começou, imaginamos que Juliana reeditaria a Fatinha em Cassandra. Só que não: Cassandra ganhou vida própria.

Não houve espaço para Juliana em "A Força do Querer" (2017) – diante de tantas tramas polêmicas e personagens fortes dessa novela. Apesar de ótimos momentos, pontuais, de sua personagem, Simone, contracenando com seus pais na novela (vividos por Humberto Martins e Lília Cabral). Marocas é a volta por cima da atriz, que já se destacou na comédia e no drama.

Preste atenção nos embates entre Marocas e seu pai Dom Sabino (Edson Celulari), acentuados nestes últimos capítulos. O texto evidencia o conflito maior, de gerações e de época. Juliana Paiva honra o texto que lhe é confiado e peita seu parceiro de cena de igual para igual, com a mesma segurança do colega experiente. E olha que Celulari tem em mãos um dos melhores personagens da dramaturgia de 2018!

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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