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Odiada na internet no passado, Gabriela Duarte vira o jogo na novela das 6

Nilson Xavier

20/09/2018 10h22

Gabriela Duarte em "Por Amor" e "Orgulho e Paixão" (fotos: divulgação)

Julieta Bittencourt, a Rainha do Café, é uma das personagens mais queridas pelo público da novela "Orgulho e Paixão". Muito disso se deve ao texto do autor da trama, Marcos Bernstein, ao perfil da personagem e à interpretação da atriz Gabriela Duarte, de volta às novelas após um hiato de oito anos (a última inteira foi "Passione", depois, somente pequenas participações, em "Amor à Vida" e "A Lei do Amor").

"Orgulho e Paixão" iniciou pintando Julieta como uma grande vilã: austera, amarga, rancorosa e prepotente. Mas surgiu em seu caminho Aurélio (Marcelo Faria), um homem bom que enxergou um coração e uma mulher admirável por baixo da casca de megera. A insistência de Aurélio, aos poucos, fez Julieta derreter a neve e revelar um perfil dócil, que foi conquistando o público. Surgiu então na internet a hashtag Aurieta, para designar o shipping do casal, ou seja, a torcida do público para que Aurélio e Julieta se acertassem romanticamente.

Hoje, Julieta é uma das personagens mais adoradas da novela das 6: como pode ser constatado diariamente na internet, em manifestações no Twitter, Instagram e Facebook. Boa parcela dessa mudança vem da identificação do público com o perfil da personagem. Principalmente após a redenção de Julieta, depois de revelados os abusos passados com o falecido marido e a razão de sua amargura com o mundo. Hoje, Julieta é completamente diferente do que era no início: fez as pazes com o filho e a nora, com o amor e a vida. O capítulo dessa quarta-feira (19/09) coroou a personagem com a bonita sequência do casamento de Aurieta.

Marcelo Faria e Gabriela Duarte: Aurieta (foto: reprodução)

Mas nem sempre foi assim

Entre 1997 e 1998, Gabriela Duarte foi vítima do primeiro caso registrado de ódio cibernético contra uma personagem de novela. Na época, não existiam as redes sociais como conhecemos hoje – até existiam, mas não com esse nome e dimensão. A internet ainda não tinha o alcance de hoje e o máximo que se podia fazer para levantar uma ideia era criar uma página (uma homepage, um site) que seria divulgado aos poucos.

Na ocasião, Gabriela estava no ar na novela "Por Amor", de Manoel Carlos, contracenando com a mãe, Regina Duarte. Sua personagem, Maria Eduarda, pode ser definida como uma patricinha mimada, classe média, egoísta, com sonhos pequeno-burgueses. E chata, muito chata. Tanto que um site foi criado para os que não suportavam a personagem. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Com cerca de 8 mil visitas em menos de um mês, a página alertava: "Exigimos a morte dessa chata o mais rápido possível".

O público teve a mesma reação na novela seguinte de Manoel Carlos, "Laços de Família" (2000-2001), com Camila, vivida por Carolina Dieckmann: assim como Eduarda, ganhou uma página na internet para reunir os que a odiavam.

Mas Maria Eduarda cresceu na trama de Manoel Carlos. A interpretação segura da atriz acabou por conquistar o público e a personagem não foi morta. Revista recentemente no canal Viva, pode-se afirmar que Maria Eduarda é uma ótima personagem, bem defendida por sua intérprete. E, hoje, Gabriela volta a conquistar o público graças ao seu talento.

AQUI tem tudo sobre "Por Amor": trama, elenco, personagens, curiosidades, trilha sonora.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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