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Em baixa no Ibope, "Amor e Sexo" mira conservadores com "programa família"

Nilson Xavier

24/10/2018 01h32

Fernanda Lima (foto: reprodução)

O programa "Amor e Sexo" estreou sua 11ª temporada (no dia 9 de outubro) amargando o pior Ibope de sua história: 10,4 pontos de média na Grande São Paulo. "Uma queda de 35% em relação à estreia da temporada anterior, em 26/1/2017 (15,9)", sinalizou o site Notícias da TV. Foi a pior estreia também no resto do país. "No Painel Nacional, caiu de 16,7 pontos de média no ano passado para 10,4 pontos", informou Ricardo Feltrin em sua coluna.

Esgotamento do formato? Ou uma resposta da onda conservadora que assola o país à pauta progressista que guia o programa? Seria a baixa audiência do "Amor e Sexo" – às vésperas das eleições para presidente da República – o reflexo da influência do candidato Jair Bolsonaro sobre os opositores às propostas liberais que têm permeado a sociedade brasileira nos últimos anos? A "propostas liberais" entenda os direitos que clamam negros, mulheres e LGBTs, temas que vêm pautando o "Amor e Sexo" com grande ênfase nas últimas temporadas.

A Globo, percebendo este momento e este movimento, exibiu nesta terça-feira (23/10) – estrategicamente às vésperas da eleição – o terceiro programa (que foi gravado em julho), dedicado à família. "Respeita a família, todas as famílias!" dizia a apresentadora Fernanda Lima nas chamadas. E "o programa da família brasileira", logo na abertura. Até Fernanda adaptou-se. Nada de decotes profundos ou roupas minúsculas: ela surgiu com um modelito que lhe cobria todo o corpo. A intenção era atrair o público conservador que critica o programa.

Na pauta, a transição da família tradicional à família contemporânea e a importância das relações familiares. O ponto alto foi a alusão a famílias desfeitas por causa da violência urbana. Mesmo com alguma tentativa de deslocar o foco do programa para atender uma parcela mais conservadora do público, "Amor e Sexo" conseguiu atender os dois lados apresentando famílias de todas as vertentes. E não deixou de ressaltar as modernas configurações familiares que vão além do tradicional modelo homem-mulher-filhos-cachorro-papagaio. E assim, sem impor nada, o programa tentou ser mais democrático.

A audiência no Ibope da Grande São Paulo nesta terça-feira foi de 9,4 pontos (atrás da Record TV), a menor dos três programas exibidos nessa temporada.

Leia também: "Vamos acabar com coitadismo de nordestino, de gay, de negro e de mulher, diz Bolsonaro".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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