Fotografia cinematográfica e edição chamam a atenção na estreia de “O Rebu"
As chamadas de estreia de uma novela podem enganar, ao criar no público uma expectativa maior do que aquilo que vai ao ar no primeiro capítulo. Não foi o que aconteceu nesta segunda-feira, 14/07. A estreia de "O Rebu", a nova novela das onze da Globo, superou todas. Acredito que seria mesmo muito difícil jogar nos intervalos comerciais pílulas do que se propunha. "O Rebu" é uma confusão. Mas das mais sofisticadas.
O novo folhetim da Globo é uma releitura de uma antiga novela da emissora, de 1974, criada por Bráulio Pedroso (o mesmo que revolucionara o gênero com "Beto Rockfeller"), famosa por sua cronologia estapafúrdia: a história toda se passa em praticamente um dia, quando acontece um assassinato durante uma festa da alta sociedade, seguido pelas investigações sobre o crime, e flashbacks mostrando os antecedentes dos personagens. Mas, tudo embaralhado, como em um quebra-cabeças.
Esta nova versão é outra novela, em que se aproveitou apenas a ideia central da trama de Bráulio Pedroso. Os personagens são diferentes, suas motivações para ir à festa – e também para cometer o assassinato – são outros. A maior prova do distanciamento entre a trama da década de 1970 e a atual é a revelação da identidade do morto, que já aconteceu no primeiro capítulo, enquanto que, em 1974, o público ficava sabendo quem morreu apenas quase na metade da história.
A cronologia engana e a edição exagera nos cortes bruscos. Confuso à primeira vista. Mas não é esta a proposta de toda trama policial? Aliada à edição turva, uma trilha sonora envolvente, que mistura o instrumental, para dar o clima de mistério, com muitos hits dançantes da festa. A fotografia é do premiado Walter Carvalho, que também está entre a equipe de diretores comandada por José Luiz Villamarim. Walter optou pela quase ausência de cor – puro cinema. É espirituoso notar que a atual versão da história é quase em preto em branco, enquanto que a novela original foi uma das primeiras coloridas da Globo.
Outro mérito da nova atração está na exibição do capítulo à segundas-feiras em substituição às quartas-feiras, quando a Globo transmite futebol, o que antes empurrava o capítulo da novela para além da meia-noite. Pela temática e o horário de sua apresentação, pode-se ousar mais, com cenas de sexo e drogas, muito comuns em festas do tipo, o que aproxima a novela da realidade. O elenco é de primeira, com destaque, nesta estreia, para as atuações de Patrícia Pillar, Cássia Kis Magro e Sophie Charlotte.
Muito luxo e sofisticação em cenários, figurinos e direção de arte – como pede o roteiro de George Moura e Sérgio Goldenberg. A produção de "O Rebu" passou um mês gravando na Argentina, em cenários como o Palácio Sans Souci, de arquitetura francesa. A equipe é quase a mesma de outro sucesso recente do horário, a minissérie "Amores Roubados". Pelo que se viu nessa estreia, esse rebuliço tem tudo para agradar.
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