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Cora de “Império” vai se distanciando da promessa de grande vilã da novela

Nilson Xavier

02/09/2014 10h57

Drica Moraes como Cora em

Drica Moraes como Cora em "Império" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Cora, quem diria! Agora deu para cheirar cuecas….

Quando apareceu nas primeiras chamadas de "Império", a atriz Drica Moraes, personificada como a vilã Cora da novela, causou furor. Havia um quê de Carminha em sua caracterização (Carminha, Adriana Esteves, a vilã de "Avenida Brasil", lembram?). Drica Moraes deu um tom interessante à sua personagem. Cora remete àquelas vilãs secas por dentro, feias, mal arrumadas e mal amadas, que se escondem atrás da religião para destilar veneno à vontade. Uma grande promessa de vilanias.

Cora também lembra outra vilã: Perpétua de "Tieta", vivida por Joana Fomm. A diferença básica entre Carminha e Perpétua é que a segunda era uma caricatura de vilã, muito próxima das bruxas de desenho animado, onde o humor é sempre bem-vindo. Sim, Cora pode, até, ser engraçadinha. Mas, com o passar da novela, a personagem foi se distanciando da ideia vendida pelas chamadas e pelos primeiros capítulos. Cora, hoje, cheira cuecas de rapagões.

Enquanto isso, "Império" segue com outra vilã em sua trama central, que tem se revelado mais interessante. Maria Marta, de Lília Cabral, é inteligente, culta, espirituosa e tem uma língua ferina, sempre com ótimas tiradas. Mas não chega a ser realmente má. Esnobe e altiva, ela defende o que acredita. E até já se mostrou muito humana e compreensiva em algumas situações.

"Império" ainda não cumpriu sua cota de grandes vilanias. Uma maledicência de Cora aqui, uma intriga de Maria Marta lá. E só. Cora, a grande promessa, está se tornando uma "bruxa engraçadinha". Medo de ela virar uma "nova Shirley" – a personagem de Vivianne Pasmanter na novela anterior, "Em Família", na qual também criou-se uma grande expectativa, mas que acabou morrendo na praia. Ou pior: "uma nova Tereza Cristina", na versão "mulambenta" – a esquecível personagem de Christiane Torloni em "Fina Estampa".

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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