Para garantir audiência, “Boogie Oogie” carrega no melodrama despudorado
Rui Vilhena, o autor da novela das seis da Globo, "Boogie Oogie", não abre mão do melodrama rasgado para levar sua história adiante. Extremamente ágil, como poucas vezes se viu em nossa Teledramaturgia, a trama segue o seu ritmo alucinante, queimando cartuchos a cada leva de capítulos e, ao mesmo tempo, já engendrando outros. "Boogie Oogie" passa aquela sensação, cada vez mais rara entre os folhetins, de que, se perdeu um capítulo, perdeu muito. Este é o maior mérito do autor: apresentar uma trama que se renova sempre e, assim, manter o interesse do telespectador na atração.
Todavia, para tanto, Vilhena não tem pudor algum ao usar alguns recursos folhetinescos, disfarçados ou escancarados, que, ao meu ver, correm o risco de empobrecer a narrativa da novela. A repetição de palavras ou frases (primeiro "troca de bebês", agora "segredo de Carlota") para fixar uma ideia na cabeça do público. A fofoca entre os personagens, como um recurso fácil para desencadear acontecimentos, espalhar uma ideia ou um fato da história – Serginho (João Vithor Oliveira) tem se revelado um coadjuvante cuja única função na trama é espalhar segredos.
E, por fim, o melodrama rasgado. Beatriz (Heloísa Périssé) é vítima da chantagem de Cris (Fabíula Nascimento), que exige que ela impeça o casamento de Sandra e Rafael (Ísis Valverde e Marco Pigossi) sob a ameaça de revelar ao seu marido Elísio (Daniel Dantas) a sua infidelidade: Elísio não é o pai biológico de Vitória (Bianca Bin), como ele acredita. Beatriz é praticamente uma mártir, enquanto Cris é a carrasca – com direito a humilhações de Cris contra Beatriz, enquanto esta última toma um comportamento completamente passivo ante as ameaças de sua algoz.
O autor carrega no maniqueísmo e usa de recursos, digamos, mais fáceis, para fazer sua história fluir. "Boogie Oogie" tem se revelado uma novela despudorada na tarefa de fidelizar audiência. Golpe baixo do autor? Talvez não, enquanto o público estiver curtindo.
PS: Há de se elogiar a performance de Heloísa Périssé e Fabíula Nascimento – interpretando muito bem tipos que o grande público não está acostumado a ver na pele das atrizes, Beatriz, a sofredora, e Cris, a megera.
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