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Com trama tradicional “Alto Astral” tenta reconquistar o público do horário

Nilson Xavier

04/12/2014 11h26

Marcos(Thiago Lacerda), Laura ( Nathalia Dill) e Caíque Sérgio Guizé) Crédito: Globo/João Miguel Júnior

Marcos  -Thiago Lacerda-, Laura -Nathalia Dill- e Caíque -Sérgio Guizé- Crédito: Globo/João Miguel Júnior

Um mês no ar e se confirmam minhas primeiras impressões sobre "Alto Astral", a novela das sete da Globo. Com muito romantismo, o autor, Daniel Ortiz (com a supervisão de Silvio de Abreu), trafega por caminhos conhecidos do folhetim. O amor do herói Caíque (Sérgio Guizé, ótimo no papel) pela mocinha Laura (Nathalia Dill), prejudicado pelas armações do vilão Marcos (Thiago Lacerda). Nada mais folhetinesco e tradicional. O ponto de partida da trama é baseada em uma sinopse deixada por Andrea Maltarolli (1962-2009).

A razão é clara: apagar do telespectador a ideia de "renovação" (ou "inovação") proposta pelas duas tramas anteriores no horário. "Além do Horizonte" e "Geração Brasil" foram pontos fora da curva que mais afugentaram do que atraíram público. Desta vez, nada de aventura na selva ou universo tecnológico. Não que "experimentações" não sejam bem vindas. Sempre são e as duas novelas tiveram suas qualidades. Mas o bom de nossa Teledramaturgia é isso: trazer variedade para seu público.

E "Alto Astral" começou pisando firme no conhecido. Aos poucos, o autor vai recheando a trama com mais e mais humor. E, convenhamos, a novela está repleta de possibilidades neste sentido. A direção de Jorge Fernando é uma grife que remete à comicidade nos folhetins. Assim como a presença de Cláudia Raia no elenco.

A temática fantasiosa, que aborda fantasmas e espíritos (sem pretensões doutrinárias, isso já está bem claro), é um prato cheio para atores como Raia, Marcelo Médici (ainda muito comedido), Sérgio Guizé, Conrado Caputto (o peruano Pepito), Mônica Iozzi, Mariana Armelini e Débora Olivieri. Alguém só precisa alertar Elizabeth Savalla que ela não está em um pastelão de Walcyr Carrasco, e que é covardia concorrer no grito com Leopoldo Pacheco.

"Alto Astral" me lembrou uma novela antiga de Silvio de Abreu: "Jogo da Vida", de 1981. Ela vinha de um fracasso ("O Amor é Nosso"), começou melodramática (era baseada em um argumento de Janete Clair), e terminou divertidíssima. Tomara que "Alto Astral" siga por esse caminho.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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