2014 foi o ano dos gays nas novelas
A homossexualidade nunca foi tão abordada nas novelas quanto neste ano. Em 2014, os gays foram destaque e chamaram a atenção nos três folhetins do horário das nove da Globo – o de maior audiência e faturamento.
O ano começou com o último mês de exibição de "Amor à Vida", de Walcyr Carrasco, e o auge da popularidade do personagem Félix (Mateus Solano), seu romance com o Carneirinho (Thiago Fragoso) e a relação conflituosa com o pai vilão, César (Antônio Fagundes), que culminou com o primeiro beijo gay em uma novela na Globo e com um dos mais emocionantes finais de todos os tempos: César reconhecendo o amor e dedicação do filho.
Na sequência, o maior destaque da insossa "Em Família", de Manoel Carlos, foi um casal de lésbicas que também deu o que falar. A carismática Clara (Giovanna Antonelli), largava o marido boa-praça, Cadu (Reynaldo Gianecchini), para se unir à fotógrafa Marina (Tainá Muller), que fez de tudo para conquistá-la. O público se dividiu entre os que torciam pela relação "Clarina", e os que reprovavam a atitude de Clara, já que ela abnegava do amor do marido, que estava doente, deixava um cenário de família de comercial de margarina – com direito a um filho fofo – para se unir a uma lésbica predadora.
Por fim, sai "Em Família" e entra "Império", de Aguinaldo Silva, em que ganhou força a perseguição do jornalista gay – afeminadíssimo, fofoqueiro e maléfico – Téo Pereira (Paulo Betti) em cima de Cláudio Bolgari (José Mayer), homem casado com Beatriz (Suzy Rêgo), mas que estava de caso com o rapazote Leonardo (Klebber Toledo), relação que acabou ganhando a conivência da mulher. Além da "saída de armário" forçada de Cláudio, o autor da novela ainda apresentou a figura exótica de Xana (Aílton Graça), que se veste e se comporta como uma mulher, e discute a homofobia através de Enrico (Joaquim Lopez), filho de Cláudio que se revoltou contra o pai.
Contabilizando as tramas dos demais horários e emissoras: Joel (Marcelo Médici) de "Joia Rara", um gay afetado que descobre que "gosta de mulher"; a transex Dorothy Benson (Luís Miranda) de "Geração Brasil"; a relação fraternal entre Ângela Mahler (Patrícia Pillar) e Duda (Sophie Charlotte), em "O Rebu", que, ao final, sugeriu ser bem mais que isso; e, atualmente, temos o divertido Pepito (Conrado Caputto), em "Alto Astral", e Virgulino (Ricardo Ferreira), em "Vitória" (na Record), alvo preferido dos neonazistas da trama (por ser gay e nordestino).
Historicamente, essa "ocupação" dos gays nas novelas foi ocorrendo paulatinamente, à medida em que a sociedade vem discutindo o assunto (vide gráfico acima). Até meados dos anos 1980, os gays eram praticamente proibidos nas novelas e a homossexualidade era tratada como um tema tabu. Desde o início da década de 2000, se percebe um maior interesse dos novelistas em abordar a problemática homossexual – muito além da tarimbada figura alegórica do "gay caricato de programa de humor".
O horário das sete, de maior leveza nas abordagens, foi o que mais registrou a presença do gay: do ano 2000 para cá, quase todas as novelas apresentaram, ao menos, um gay, ainda que fosse caricato. Mas é o horário das nove o que consegue aprofundar-se mais na temática e o que apresentou as melhores abordagens. Abaixo, apresento uma relação dos personagens do universo gay de maior representatividade em nossa Teledramaturgia.
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