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O que seria de “I Love Paraisópolis” sem suas tramas paralelas?

Nilson Xavier

27/07/2015 21h15

A cena da morte de Raul (André Loddi). Foto: Divulgação/TV Globo)

A cena da morte de Raul (André Loddi). Foto: Divulgação/TV Globo)

Tradicionalmente uma estrutura de telenovela compreende uma trama central com várias tramas paralelas. E a história principal é o que norteia a novela. Mas não é o que acontece com "I Love Paraisópolis", a produção das sete da Globo. Com uma rica e interessante galeria de coadjuvantes, as tramas paralelas estão fazendo o que a trama central não consegue.

A boa química entre Bruna Marquezine e Maurício Destri, em algumas cenas calientes, e o apelo do personagem Grego, de Caio Castro, chamaram a atenção no início. Mas não são suficientes para segurar a novela. O triângulo amoroso Ben-Mari-Grego, por si só, não sustenta "I Love Paraisópolis". Falta história aí!

A trama dos protagonistas dá voltas, quando não apela para flashbacks – sempre embalados por "A Noite" (Tiê) e "Thinking Out Loud" (Ed Sheeran), repetidas à exaustão. Para enfeitar o romance que não chove nem molha, faz-se uso de outros personagens que tentam movimentar essa história central: a luta pelo poder do vilão Gabo (Henri Castelli), a gravidez de Margot (Maria Casadevall), e as sandices da megalômana Soraya (Letícia Spiller).

Enquanto isso, as histórias com o povo da bonita Paraisópolis da Globo carregam cada capítulo nas costas. É – praticamente – uma cena envolvendo os protagonistas (que pode ser um flashback) para três historinhas paralelas.

As tramas que recheiam "I Love Paraisópolis" primam pelo humor, a receita do horário das sete. E cumprem bem a função de divertir. São várias esquetes cômicas, como em um humorístico. E são cíclicas, seriadas: situações que se fecham e são substituídas por outras. Como, atualmente, a divertida disputa de Claudete e Mirela (Mariana Xavier e Luana Martau) por Raul (André Loddi), que rendeu as mandingas de Tinoca (Alice Borges), a suposta morte de Raul e desespero de Expedito (José Dumont), com medo da morte.

Já elogiei o elenco coadjuvante de "I Love Paraisópolis" AQUI e reitero. A novela tem qualidades: é divertida e despretensiosa. A direção aproveita o excelente elenco e o texto afiado dos autores e dá um ar moderno às cenas de humor, com clipagens e efeitos divertidos. Funciona muito bem e a audiência na Grande São Paulo vai bem. Mas o que seria de "I Love Paraisópolis" sem esse elenco afiado nessas situações cômicas?

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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