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“I Love Paraisópolis” se sustenta em suas divertidas tramas paralelas

Nilson Xavier

04/10/2015 18h14

Mariana Xavier, José Dumont e Tuna Dwek num dos melhores núcleos paralelos de

Mariana Xavier, José Dumont e Tuna Dwek num dos melhores núcleos paralelos de "I Love Paraisópolis" (Foto: Reprodução)

A atual novela das sete da Globo, "I Love Paraisópolis", é bem avaliada pela emissora: é a maior audiência no horário em dois anos (desde "Sangue Bom"). Faltando um mês para o seu término, se mantem em uma média de quase 24 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Não é pouca coisa para os padrões atuais do horário.

Divertida é a qualidade que melhor se aplica a "I Love Paraisópolis". Os autores, Alcides Nogueira e Mário Teixeira, apoiados na equipe de direção de Wolf Maya, construíram uma atração que cumpre a proposta da faixa: o alívio cômico. A Paraisópolis da novela, ainda que distanciada de todos os problemas que assolam a comunidade real, pincela por alto os dramas comuns a qualquer bairro menos favorecido (preconceito de classes, racismo, intolerância religiosa, por exemplo), mas com muita leveza, humor e uma boa dose de fantasia.

E nem poderia ser diferente. Os autores trabalham dentro dessa proposta respeitando os limites impostos pelo horário de exibição. Não existe violência na novela, nem bandidos cruéis. Estes, quando não são carismáticos e galantes, com ares de Robin Hood (Grego/Caio Castro), são bonachões, atrapalhados e divertidos (Javai/Babu Santana). Lima Duarte faz um mafioso italiano que também desperta simpatia. Nada de realidade, afinal.

O amor – como não poderia ser diferente – está no ar. Acredito que boa parte da repercussão de "I Love Paraisópolis" se deva à popularidade da dupla Bruna Marquezine (Marizete) e Caio Castro (Grego). Um caso de repercussão catapultada pela legião de fãs dos jovens e belos atores. Com Maurício Destri (Benjamim) e Maria Casadevall (Margot), mais os vilões vividos por Letícia Spiller (Soraya) e Henri Castelli (Gabo), formam o núcleo protagonista da novela.

Cabe aqui uma crítica à trama central de "I Love Paraisópolis". A história de amor entre Mari e Ben, repleta de idas e vindas, ora prejudicada por Grego, ora por Soraya, ora por Margot, mais as trocas de casais, gravidez de Margot, casamento de Mari e Ben, tudo isso pouco sustenta a novela. Desde o início, "I Love Paraisópolis" revelou uma trama central pouco consistente, sem muito para render a não ser essas idas e vindas todas. Resumindo "I Love Paraisópolis": é a história de amor entre Mari e Ben, de classes sociais e realidades opostas, dificultada por um grupo de personagens. Fim.

Em críticas anteriores, salientei a importância das tramas paralelas para essa novela. O que sobraria dela não fossem os núcleos de humor que circundam o romance de Mari e Ben? Várias dessas tramas secundárias nem tem um fio condutor. Mais parecem esquetes de humor ou pequenas histórias que vão se fechando para darem lugar a outras, como tramas seriadas dentro de uma novela. E fazem toda a diferença.

São nas histórias secundárias de "I Love Paraisópolis", repletas de personagens divertidos, que está o seu melhor. Este é um caso de novela apoiada em suas tramas paralelas. O elenco muito bem escalado e a direção criativa, aliados ao texto inspirado e de bom gosto dos autores, conferem à produção essa leveza e esse diferencial. Mari, Benjamim e cia, por eles mesmos, já empolgaram tudo o que tinham para empolgar. Já os outros, merecem até continuação fora da novela!

Novamente, cito o talento deste elenco que justifica o sucesso de "I Love Paraisópolis": Nicette Bruno (Izabelita), Letícia Spiller (Soraya), José Dumont (Expedito), Tuna Dwek (Ramira), Mariana Xavier (Claudete), Ilana Kaplan (Silvéria), Luana Martau (Mirela), Babu Santana (Javai), Fabíula Nascimento (Paulucha), Paula Barbosa (Olga), Frank Menezes (Júnior), Olívia Araújo (Melodia), Paula Cohen (Rosicler), Zezeh Barbosa (Dália), Alice Borges (Tinoca), Leandro Daniel (Sereno), Márcio Rosário (Bazunga) e outros.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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