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Apesar de elenco e direção excelentes, trama de “Velho Chico” não empolga

Nilson Xavier

09/06/2016 16h24

Domingos Montagner e Camila Pitanga (Foto: Inácio Moraes/ Gshow)

Domingos Montagner e Camila Pitanga (Foto: Inácio Moraes/ Gshow)

Não resta dúvida de que "Velho Chico" é uma produção bonita, caprichada, pensada nos mínimos detalhes – fotografia, trilha sonora, figurinos, arte. É de encher os olhos. O elenco e a direção de atores são primorosos. Apesar disso tudo, "Velho Chico" não acontece, pouco repercute, patina. Percebe que tudo se destaca na novela, menos a história? Diferente da primeira fase, a atual não desperta aquele desejo de correr para a TV quando a novela começa.

Faz falta nesta fase atual o conflito entre tipos marcantes da fase anterior, como os casais Ernesto Rosa e Eulália (Rodrigo Lombardi e Fabíula Nascimento) e Belmiro dos Anjos e Piedade (Chico Diaz e Cyria Coentro), mais o irresistível Afrânio de Rodrigo Santoro. A passagem para a atualidade foi chocante. O Afrânio anterior simplesmente desapareceu e deu lugar um tipo difícil de engolir, mais lembrado por uma peruca ridícula.

Não que atualmente "Velho Chico" não tenha tipos marcantes. A galeria de personagens bons continua, em grandes interpretações de Irandhir Santos, Dira Paes, Selma Egrei, Lee Taylor, Marcos Palmeira, Marcelo Serrado, Camila Pitanga, Domingos Montagner, Zezita Matos, Christiane Torloni, Suely Bispo, Gésio Amadeu, Lucy Alves, Carlos Vereza, Luci Pereira, Marcélia Cartaxo, José Dumont, e até os novatos Lucas Veloso e Giulia Buscacio. O elenco todo praticamente! "Velho Chico" é novela de atores.

Vamos contar as tramas atuais: o amor do passado mal resolvido entre Maria Tereza e Santo, apimentado pelo ciúme de Luzia; a rivalidade entre Santo e o Saruê; o ódio do Saruê pelo filho Martim, em contraponto com o amor da avó Encarnação; o ciúme do Saruê pela mulher Iolanda; o amor politizado de Bento e Beatriz; os triângulos que se formarão entre Lucas, Olívia e Miguel e Bento, Beatriz e Martim; a resistência de Zé Pirangueiro em abandonar o Rio São Francisco.

"Velho Chico" tem o seu ritmo próprio de conduzir essas histórias. Gostava muito da primeira fase, mas não sou viúvo dela. Porém, a impressão que se tem é que, atualmente, a novela se sustenta apenas nas interpretações dos atores e no esmero da direção em apresentar uma produção "diferenciada". É uma novela linda demais, mas pouco envolvente. Nem mesmo os embates dessa semana, entre Martim e o pai Saruê, entre Carlos Eduardo e Santo pelo amor de Tereza parecem tirar "Velho Chico" de seu leito plácido.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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