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“Escrava Mãe” é uma ótima opção fora da Globo

Nilson Xavier

13/10/2016 11h51

Adriana Lessa e Lidi Lisboa (Foto: reprodução)

Adriana Lessa e Lidi Lisboa (Foto: reprodução)

Uma ótima opção de novela fora da Globo atualmente é "Escrava Mãe", da Record. A novela é folhetim puro, mas dos bons. Nada é novidade ali. Não passa de um requentado, porém bem servido. A mocinha é sofredora, o galã é valente, os vilões são maus. Já vimos essa novela milhares de vezes. Mas até aí, também já vimos antes "Sol Nascente", "Haja Coração", "A Lei do Amor", "A Terra Prometida" e "Cúmplices de um Resgate". Nenhuma novela atualmente no ar ousa na narrativa ou, ao menos, foge do padrão clássico do folhetim.

A vantagem de "Escrava Mãe" – além de ser a única trama de época no ar (com exceção da novela bíblica) – está no roteiro bem costurado de Gustavo Reiz, na direção competente da equipe de Ivan Zettel, e no elenco afinado com a proposta da novela em bons personagens. A produção (da Casablanca) é de primeira. Os atores são bem dirigidos. As cenas pontuam o drama e humor com competência. A trilha sonora trabalha a favor da narrativa. É uma novela que flui com gosto. Gustavo Reiz parece ter acertado em "Escrava Mãe" a receita do folhetim redondo.

O autor segue com competência por caminhos já trilhados. Tudo foi pensado para agradar. Pudera: a novela estreou já completamente gravada, o que impossibilita ajustes para agradar o público. O elenco está ótimo! Gabriela Moreyra (Juliana, a protagonista), Thaís Fersoza (Maria Isabel, a vilã cruel), Fernando Pavão, Roberta Gualda, Jussara Freire, Luiza Tomé, Bete Coelho e Luiz Guilherme têm sempre grandes cenas. Também há ótimos atores entre os coadjuvantes: Junno Andrade, Sidney Santiago, Karen Marinho, César Pezuolli, Adriana Londoño, Adriana Lessa. Porém, quem mais tem brilhado é Lidi Lisboa, na pele da escrava Esméria.

Lidi repete tipos que já vimos anteriormente em novelas de época: a escrava que ganha a alforria e exagera no papel de sinhá, para o bem e para o mal. Foi assim Xica da Silva de Taís Araújo, e Luzia, personagem de Isabel Fillardis em "Força de um Desejo". Esméria sempre foi má e invejosa, às vezes risível, mas não é uma personagem de um tinta só. Agora, de sinhá, ela esbanja sua condição em cenas que vão do cômico ao dramático, mostrando um lado mais humano. Um grande acerto, na atriz e na trama.

E "Escrava Mãe" não faz feio na audiência: 11 pontos no Ibope da Grande São Paulo, concorrendo diretamente com o sucesso de "Haja Coração" da Globo. Que bom que há novelas para todos os gostos. Ou quase todos.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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