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Imagens inéditas de acervo são um bom diferencial do Vídeo Show atualmente

Nilson Xavier

24/11/2016 07h00

Eva Wilma relembra sua carreira no quadro

Eva Wilma relembra sua carreira no quadro "Meu Vídeo é um Show" (Foto: reprodução)

Desde sua estreia, em 1983, o "Vídeo Show" passou por diversas fases, tentando se ajustar ora ao avanço da televisão, ora às exigências da audiência. Os bastidores da TV sempre foram a base da atração, e o resgate da memória televisiva, um de seus maiores pilares. Até hoje, o programa exibe cenas do rico acervo da TV Globo, mesmo com a farta oferta de imagens do passado de nossa televisão no Youtube e na internet.

Até a década de 1990, as imagens de arquivo eram garantia de audiência pelo poder de despertar a memória afetiva do público. Haja vista o quadro "Túnel do Tempo", um dos mais longevos (a voz de Cissa Guimarães ecoa no inconsciente coletivo: "direto… do túnel… do tempo!"). A partir de meados dos anos 2000, muito da memória da TV brasileira já estava disponível no Youtube, o que a fez perder espaço e relevância dentro do "Vídeo Show". A própria Globo tem um canal no Youtube e já disponibiliza imagens de arquivo pela internet, pelo Youtube, Gshow, etc.

Por isso é de se elogiar a atual proposta (ou insistência) do programa em investir em acervo. Os melhores quadros hoje são os que incitam artistas ou o público a rememorar o passado da televisão. Mas com um diferencial importante: muitas imagens inéditas, ausentes no Youtube. Porque, convenhamos, o assassinato de Odete Roitman, o suicídio de Laurinha Figueroa, a briga entre Yolanda Pratini e Júlia, ou Tieta arrancando a peruca de Perpétua – tá todo mundo careca de ver!

Miguel Falabella apresenta o quadro

Miguel Falabella apresenta o quadro "Memória Nacional" (Foto: reprodução)

O "Vídeo Show" sai do lugar comum ao trazer novidade para os nostálgicos e garimpeiros de cenas raras e antigas – ainda que hoje eles não sejam o público alvo ou a maior audiência da atração. Outro dia, o quadro "Meu Vídeo é um Show" com Vera Fischer, exibiu uma raridade: bastidores de gravação da novela "Brilhante" em Londres, em 1981, numa reportagem de Beth Lima para o "Jornal Hoje" (lembra dela?). Nessa semana, no mesmo quadro, com Eva Wilma, cenas diversas de "Transas e Caretas", de 1984, novela poucas vezes explorada no próprio programa.

O "Meu Vídeo é um Show" é um dos quadros mais bacanas no ar. Convida um ator a repassar sua carreira através de imagens de arquivo. Por ser ao vivo, registra a emoção real do artista ao relembrar fatos marcantes de seu passado. Não tem a pieguice do "Arquivo Confidencial" do Faustão, repleto de elogios e depoimentos de familiares e amigos. Está embasado nas imagens de arquivo e na reação do ator ao se ver. Percebe-se o esforço dos pesquisadores em mostrar imagens diferentes do usual com a intenção de surpreender o convidado (e, por tabela, o público).

Outro quadro importante é o "Memória Nacional", apresentado por Miguel Falabella, em que ele homenageia algum ator falecido com uma retrospectiva de sua carreira na televisão. Já passaram por lá Armando Bógus, Lauro Corona, Dina Sfat, Paulo Goulart, Caíque Ferreira e outros. Semana passada, o programa promoveu o reencontro das atrizes que viveram as modelos da novela "Plumas e Paetês", de 1980: Maria Cláudia, Lúcia Alves, Sura Berditchewski, Silvia Salgado e Mila Moreira. E claro, o "Túnel do Tempo" continua firme e forte. Tem também o "Novelão", que apresenta diariamente um resumo de uma novela do passado em capítulos curtos – ainda que neste momento esteja passando a muito recente "Amor à Vida".

Vera Fischer se emociona com a homenagem do

Vera Fischer se emociona com a homenagem do "Vídeo Show" (Foto: reprodução)

Elogiar e agradecer o trabalho da equipe de pesquisa do "Vídeo Show" virou uma constante entre os artistas convidados para o quadro "Meu Vídeo é um Show". Vera Fischer, Nicette Bruno, Eva Wilma, Betty Faria e outros já o fizeram. Faço delas as minhas as palavras. Em tempo, a equipe completa >> pesquisadores: Fábio Machado, Celso Machado, Diego Erlacher, Taynara Prado e Luciana Kuhl; redação do "Meu Vídeo é Um Show": Bruno Weikersheimer; redação final: Rixa, Richard Kyaw e Bia Braune; e direção geral: Kizzy Magalhães.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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