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Por que a Globo está anunciando "Os Dias Eram Assim" como uma SUPERSÉRIE?

Nilson Xavier

17/04/2017 11h40

Renato Góes (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo)

A Globo está vendendo "Os Dias Eram Assim", estreia dessa segunda (17/04), como uma "supersérie". Entretanto, não passa da mesma "novela das 11" exibida nesse horário nos últimos seis anos. A mudança de denominação está causando alguma confusão no público: afinal, o que é a tal "supersérie" que a Globo está anunciando?

Essa alteração de nomenclatura é mais estratégica, pois o produto é exatamente o mesmo. Visa também o mercado internacional, em que as séries têm um poder maior de penetração. Editado em 87 capítulos, o produto é muito longo para ser chamado de série. Então é uma supersérie. Mas não deixa de ser uma novela, ou uma "novela curta". Ou mesmo uma minissérie, como as dos anos 2000.

Essa indecisão de nomenclatura não é novidade. Até 1984, mais ou menos, a Globo chamava suas minisséries de "Séries Brasileiras". Quando o remake de "O Astro" inaugurou a faixa das 23 horas para novelas, em 2011, cogitou-se chamá-la de "macrossérie" ou "mininovela". Na época, o diretor Mauro Mendonça Filho argumentou:

"É uma aposta em um novo horário e um novo formato. Queremos trazer o público de minissérie que quer ver uma obra feita com mais cuidado, e também aproximar o público de novela que quer acompanhar por um tempo maior a história. Isso já seu certo em outras minisséries que foram ao ar nas férias, como Um Só Coração e A Muralha, mas agora é no meio do ano, no meio da vida cotidiana. Sim, é uma aposta."

Hoje, o cenário é diferente. Com streaming e a popularização do Netflix, tenta-se assim chamar a atenção do público das séries. Mas é novela – por mais que a inspiração ou a proposta estética esteja calcada numa narrativa de série americana. É exatamente uma novela o que se vê no primeiro capítulo de "Os Dias Eram Assim" disponível no Globoplay.

Por haver interrupção da produção ao longo do ano (a "novela das 11" só é exibida no miolo do ano), a Globo quer convencionar chamá-la de supersérie – diferente da produção das novelas das seis, das sete e das nove, que não cessa nunca. A narrativa e o formato não mudam. Muda apenas a denominação para caber na proposta de grade da emissora.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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