Melodrama comum, a supersérie Os Dias Eram Assim não tem nada de super
No último "Domingão do Faustão", Silvio de Abreu revelou que, de acordo com pesquisas, parte do público desconhece os fatos históricos representados na novela "Novo Mundo" e na supersérie "Os Dias Eram Assim". A trama de seis se aproveita dos fatos históricos para incrementar sua narrativa – cria entrechos em cima da História e desenvolve sua própria trama, misturando ficção com realidade.
Conhecer ou não História do Brasil – desde que não se confunda Dom Pedro, da Independência, com Pedro Álvares Cabral, do Descobrimento -, não impede o público de embarcar na trama. Tanto que a recepção de "Novo Mundo" é ótima, a audiência vai bem. Este é um bom caso de didatismo a serviço da narrativa.
"Os Dias Eram Assim" está sob uma perspectiva diferente. O período histórico serve apenas como pano de fundo para contar uma trama de amor impossível. Trata-se tão somente de um romance impossibilitado pelas circunstâncias históricas. Sob esse ponto de vista, a novela até que cumpre bem sua a função, quando não tem a pretensão de ser didática.
O didatismo serve apenas para embasar e ambientar a trama, fazer o público entender que Renato (Renato Góes) teve que se separar de Alice (Sophie Charlotte) porque havia se tornado um subversivo aos olhos da repressão de seu tempo – representada pelo pai da moça, Arnaldo (Antônio Calloni), pelo policial Amaral (Marco Ricca) e pelo pretendente Vitor (Daniel de Oliveira), a outra ponta do triângulo amoroso. É um microcosmo do todo: Renato-Alice = o povo, Arnaldo-Amaral-Vitor = o governo.
Entendido que Renato e Alice são os mocinhos (os perseguidos e oprimidos) e que Arnaldo, Amaral e Vitor são os vilões (os opressores), nos deparamos com um melodrama dos mais comuns e maniqueístas. Os fatos históricos forçam "Os Dias Eram Assim" para o maniqueísmo, trabalhando contra a sua narrativa – diferente do que acontece em "Novo Mundo".
Trata-se de um melodrama embrulhado numa produção caprichada, bem dirigida e com elenco de primeira. Pretensiosamente se auto intitula "supersérie" – com um ou outro nude (que o horário permite), abordando um momento negro da História recente do país, ainda que en passant.
De super, a supersérie "Os Dias Eram Assim" não tem nada. A intenção da Globo é apenas mudar a nomenclatura das produções exibidas no meio do ano – desde 2011 chamadas de novelas. Além de serem mais curtas que uma novela tradicional, não é uma produção contínua (é interrompida para só voltar na grade no ano seguinte).
Só que a Globo poderia ter escolhido uma trama mais "super" para dar início a essa mudança de hábito.
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